Desconheço as razões das demissões.
Imagino que seja um reflexo das crises, que atualmente assolam o país. Não
obstante esse turbilhão de coisas, a Casa ainda preserva uma grande importância
para Região mantendo viva iniciativas que dignificam a sua existência. As
críticas são salutares. Elas demonstram as sinceras preocupações com aqueles
que perderam os seus empregos e com o futuro da CAT. Porém, algumas, são
injustas. Por isso a administração da CAT deve absorvê-las e manter-se sóbria quanto
ao cumprimento de seu dever que, até aqui, tem sido incontornável. Falando como
frequentador da Biblioteca, é difícil imaginá-la sucateada. Os mais recentes e
importantes trabalhos literários estão quase todos lá, veja-se a propósito os
trabalhos do chileno Roberto Bolaño. Merece ainda destaque os livros sobre
fotografia, especialmente um sobre Pierre Verger, dificilmente encontrado em
outras bibliotecas em toda a região, inclusive em acervos particulares. Quem
frequentar a Casa habitualmente percebe que ela está investido vigorosos
esforços na manutenção de seu acervo bibliográfico. E faz isso da forma mais
democrática possível, consultando os seus frequentadores e pedido sugestões de
livros, para incremento de seu acervo. Uma lição de gestão participativa e
democrática, que faria muito bem alguns administradores em copiar. Os títulos
disponíveis atestam a qualidade e a variedade. Está lá toda a obra de Gabriel
Garcia Marquez, Mario Vargas Llosa, Jorge Amado, Shakespeare, Cervantes, José
Saramago e outros nomes indispensáveis da literatura. Mas não são apenas aos
grandes clássicos que a Casa dispensa sua atenção. Ela também se abre às obras
de apelo popular e estende suas fronteiras por todos os gêneros literários. Sua
biblioteca ainda serve a comunidade docente de todo o município cedendo
fantoches, brinquedos, jogos, e outros materiais escolares que auxiliam os
professores na árdua tarefa de ensinar. Sei disso porque minha esposa faz uso
constante desse material. Esses recursos pedagógicos foram confeccionados em
oficinas de formação e qualificação de professores. A esses invulgares esforços
de formação cultural e auxilio ao ensino, a Casa presta também um relevante
serviço na formação de público para o cinema e o teatro, graças aos esforços de
Tide e Nando Dias. Iniciativa exitosa e invejada por outras cidades da região.
Esses e outros tantos trabalhos desenvolvido pela Casa faz dela um centro de
excelência na tarefa de divulgação da cultura, preservação do patrimônio,
incentivo à formação docente e principalmente manutenção da memória e do legado
de Anísio Teixeira. E por falar em memória me ocorre aqui a lembrança de outra
ação da Casa que qualifica ainda mais a sua administração e atesta a sua
reconhecida preocupação com a preservação de mais esse patrimônio cultural.
Desde 2010 a Casa através do projeto Memorial de Saberes e Fazeres populares
tem ido a campo colher informações sobre os modos de vida, as crenças, a
culinária, as formas de arte que ainda restam na tradição da popular de todo o
Sertão Produtivo. Documentando e recolhendo das fontes mais confiáveis - as
vozes da tradição - os costumes e modos de vida que a modernidade teima em
liquidar, a Casa tem preservado pra posteridade um rico acervo de documentos
escritos, filmados e fotografados de nossa identidade cultural. Esse acervo
conta hoje com mais de uma centena de depoimentos de reconhecidos mestres
populares. Dele já se organizou três livros, produzidos pela Casa e
distribuídos às bibliotecas escolares de todo o Sertão Produtivo. O material
está também disponível para acesso do público e para pesquisadores da cultura
interessados em um acervo etnográfico incomparável. Com todos esses serviços prestados
e mais outros em andamento, fica difícil imaginar que a Casa ter “servindo
apenas como mais um espaço físico para encontros”.
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