Três olhares sobre o homem, duas conclusões

Foto: Dorothea Lange, Resettled farm child, New Mexico, 1935.
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Na década de 30, a serviço da Farm Security Administration, Dorothea Lange percorreu vinte e dois estados do Sul e Oeste dos Estados Unidos, registrando as péssimas condições de milhares de pobres americanos vitimas da Grande Depressão de 29. As imagens capturadas pelas lentes de Lange atestam, em grau inconteste, a degradante condição de milhares de camponeses estrangulados pela precariedade social gerada pela queda da Bolsa de Nova Iorque. Um complemento literário a esse registro está em As Vinhas da Ira (1939), do escritor John Steinbeck. O livro acompanha a saga da família Joad. Tangidos de sua terra, pela chegado do progresso, lançados à própria sorte, nas estradas americanas em busca de melhores condições de sobrevivência, essa família sintetizara milhares de outras esfarrapadas que também perderam tudo durante a crise de 29. Tanto Lange, quanto em Steinbeck, lançam um olhar solidário às vitimas da Grande Depressão. Seguindo a trilha aberto pela fotógrafa e pelo literário, o cineasta dinamarquês, Lars van Trier filmou Dogville (2003). O filme tem como cenário uma vila americana no período mais duro da crise. Ao contrário dos dois artistas anteriores, Lars van Trier lança um olhar mais fundo na realidade humana, e desconstrói, as imagens de vitimas dos desgraçados da depressão que em seu filme diante da possibilidade de aquisição de algum poder tornam-se, sem reservas nenhuma de humanidade, odiosos algozes, capazes das piores barbaridades, como as de escravizarem (física e sexualmente) uma jovem refugiada em sua vila. Enfim, um olhar distópico da natureza humana que mesmo em face da mais triste realidade, e vitimas das piores condições, ainda assim são capazes de baixar ainda mais a sua condição de civilizado e desmentir todas as boas impressões que a arte tenta constituir desse indivíduo.  

Caetano Veloso- Elegia 1938 (Carlos Drummond de Andrade)

Desalinhado

Foto: Diane Arbus, 1970
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O riso, segundo Bergson tem um papel social. Ele é aplicado em várias situações. Uma delas é contra inadequação de conduta de um indivíduo em relação ao comportamento dos outros. Para suavizar essas tensões é preciso maleabilidade do caráter e adesão à certa “elasticidade que nos dê condições de adaptar-nos ao mundo”.

“Toda rigidez do caráter, do espírito e mesmo do corpo” nos diz Bergson “será então suspeita para a sociedade, por ser possível sinal de uma atividade adormecida e também uma atividade que se isola, e tende a afastar-se do centro comum em torno do qual a sociedade gravita, de uma excentricidade enfim. E, no entanto a sociedade não pode intervir nisso por meio de alguma repressão material, pois ela não está sendo materialmente afetada. Ela está em presença de algo que a preocupa, mas somente como sintoma – apenas uma ameaça, no máximo um gesto. Será portanto, com um simples gesto que ela responderá. O riso deve ser alguma coisa desse tipo, uma espécie de gesto social”. 

Ao cabo de ler esse excerto, do monumental trabalho sobre o Riso de Henri Bergson, sou tomado pela consciência de que, não possuo, seguindo um conceito bergsoniano, elasticidade necessária para integrar-me ao pacto social vigente. E estou, portanto, sentenciando às fileiras dos homens que sofrerão todo tipo de escárnio em represália a não adesão “ao centro comum em torno do qual a sociedade gravita”. 

É preferível o riso dos tolos, a aderência a esse mundo de estupidez. Uma virada nas páginas de jornais, uma mirada na televisão bastam para qualquer espírito sensível recusar alinhar-se o que quer que seja nesse mundo. Ante tantas provas de esterilidade do cotidiano, aderir sem resistência às frivolidades e baixezas de uma vida contingencial, só para não correr o risco de sofrer com o escárnio dos patuscos de sempre, é inaceitável.  Diante das reais vergonhas que se pode sofrer, ao aderir ao mundo, o riso alheio é preço muito pequeno a se pagar.

A Espanha cabralina

O ferrageiro de Carmona


João Cabral de Melo Neto

Um ferrageiro de Carmona,
que me informava de um balcão:
"Aquilo? É de ferro fundido,
foi a forma que fez, não a mão.

Só trabalho em ferro forjado
que é quando se trabalha ferro
então, corpo a corpo com ele,
domo-o, dobro-o, até o onde quero.

O ferro fundido é sem luta
é só derramá-lo na forma.
Não há nele a queda de braço
e o cara a cara de uma forja.

Existe a grande diferença
do ferro forjado ao fundido:
é uma distância tão enorme
que não pode medir-se a gritos.

Conhece a Giralda, em Sevilha?
De certo subiu lá em cima.
Reparou nas flores de ferro
dos quatro jarros das esquinas?

Pois aquilo é ferro forjado.
Flores criadas numa outra língua.
Nada têm das flores de forma,
moldadas pelas das campinas.

Dou-lhe aqui humilde receita,
Ao senhor que dizem ser poeta:
O ferro não deve fundir-se
nem deve a voz ter diarréia.

Forjar: domar o ferro à força,
Não até uma flor já sabida,
Mas ao que pode até ser flor

Se flor parece a quem o diga.

La Giralda

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Diga o que disserem os apologistas da modernidade, mas pra mim a verdadeira engenhosidade humana está na disposição em explorar seus limites e reinventar formas sempre novas de recriar o mundo sem abdicar do espírito artístico. Quando observamos esse lugar e o comparamos com os espigões que se dão ao olho em espetáculo da capacidade humana moderna, vemos que em nada ele fica a dever aos feitos do presente, ao contrário, sugerem, dadas as limitações da época e harmonia dos detalhes, uma inegável impressão de superioridade.
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Alberto Korda - As Imagens de Cuba

Alberto Korda - La Nina de la Muneca de Palo. La Havana, Cuba, 1959.
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Fidel Castro en el ojo de Alberto Korda
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Mitin en la Habana. Alberto Korda
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Há, entre todas as imagens aqui destacadas, uma que destoa das demais. É a última. O garoto com dedo em riste toma o lugar do líder que na imagem assume uma posição nova na ordem história de sua vida: ele ouve e não é mais ouvido. Sua autoridade está temporariamente suspensa, não se impõe mais. A inversão de papéis, sugerida pelo “instante decisivo”, captado com maestria por Alberto Korda, dar-nos outra inquietante ideia do líder, que inspirava as massas movendo apenas - ironia da foto - um único dedo. A paralisação do tempo, no instante em que a cena se dá, corrompe todas as ideias anteriormente construídas sob a figura do homem forte, do guerrilheiro, aqui fragilizado, pelo ato inesperado de uma criança. A julgar pela posição de Korda na Revolução Cubana, essa imagem revela-nos que, ante as intuições artísticas, todo ato ideológico trai a si mesmo. 

A construção de um ícone

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Encontrei essa foto no Google. Ela não está creditada. Porém imagino que seja do cubano Alberto Korda. Ele foi o fotógrafo oficial da Revolução Cubana e autor da icônica Guerrillero Heroico, foto de Che Guevara, que ainda hoje estampa bandeiras em manifestações de revoltas por todo o mundo. Mesmo não tendo pegado em armas durante a Revolução, Korda ajudou a construir a imagem mítica de liderança de Fidel Castro e dos demais guerrilheiros que derrubaram a ditadura de Fulgêncio Batista. O registro de uma câmera sugere o famoso ensaio, Sobre a Fotografia, da americana Susan Sontag, produzem muitos efeitos. Ao tempo em que fornece um testemunho de que as coisas realmente aconteceram, ela também pode: incriminam, distorcer a realidade, idealizar, mitificar ou agir como um instrumento de desagravo. Apesar da presunção de veracidade que confere autoridade de que alguma coisa realmente aconteceu, uma imagem pode ser muito mais do que ela apresenta na superfície. Ao preferir uma cena à outra, ao enquadrar um instante ao em vez de outro, o fotografo induz a maneira de se ver uma realidade e solicita do espectador certa solidariedade àquilo que está sendo retratado. A emblemática imagem que ilustra esse post simboliza, inconscientemente, esse efeito do líder destemido, construída através das imagens produzida por Korda de um Fidel em atos heróicos e que inspira coragem e destemor. Ao mesmo tempo em que diverte as massas, como um comum, o Fidel de Korda, exterioriza sua liderança em gesto que induz a representação do poder em face às adversidades. Uma metáfora de sua condição irrevogável de rebatedor das adversidades cubana, frente aos ataques do inimigo. A presunção de desinteresse sugerida pela cena torna o trabalho fotográfico de Korda um ato de genialidade. Espelhando aqueles ritos sociais que tornam a fotografia um passatempo familiar despretensioso, Korda construiu uma imagem prosaica, mas de fundo inteiramente ideológico, sem parecer, no entanto, panfletário. A sedução dessa foto, seu poder sobre nós, reside no fato de que ela nos oferece uma dramatização, mas induz no subterrâneo do gesto e no enquadramento da cena, de modo sub-repticiamente, a pensarmos que a realidade, enfeixada por uma câmera, dependendo do ângulo de mirada do incauto, esconde intenções indizíveis.  


Desmaquilar a realidade

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O mundo de hoje em que uma enxurrada de imagens solicita a nossa atenção o que vemos são os gestos repetidos, coreografados e milimetricamente estudados para transmitirem uma imagem que está longe de ser natural. Os gestos repetidos não nos deixam ver o que pode a realidade. As muitas imagens que correm na internet especialmente as das redes sociais atestam a nossa permanência na caverna de Platão, se regozijando com meras imagens da verdade. As fotografias de Garry Winogrand convocam-nos a observarmos o mundo fora dos esquemas previsíveis flertando com instantes desmaquilado. 

As ilusões perdidas

Foto: Lewis Hine


Não sou mais dado a ilusões e fantasias. Talvez por isso esteja confortável com a ideia de que o homem é uma causa perdida. Não há nisso qualquer pessimismo, fatalismo ou entreguismo como daqueles que pressentindo essas coisas adoece da alma. Prefiro antes pensar que seja apenas uma constatação - uma obviedade incontornável- que como tal faz parte da ordem contraditória da vida que não nos cabe questionar. A putativa natureza humana é coisa que não se extingue sem extinguir o homem. Não serei eu, portanto o responsável por azeitar as engrenagens que faz correr macia e sem sobressaltos as correias da existência. Haverá sempre modos de infringir a ordem, e não será esse, modo irresponsável, o verdadeiro motor da vida? Chega de metafísica. Basta-me agora andar por cá; fazer alguns amigos, estender a vista ao mais largo que puder, viver algumas aventuras, ler uns bons livros, semear uma família e o mais, prolongar essas horas antes que o ponteiro pare de bater. Se calhar, ainda bem sou capaz de voltar a ter ilusões, afinal todo produto da natureza é imperfeito.

Lewis Hine

Foto: Lewis Hine

The me, me, me generation

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O tédio da existência, a melancolia de dias não vividos, o sentido de nulidade, os queixumes clichês, os lamurios insistentes são frequentes mensagens transmitidas pelos adolescentes do facebook. Essa é uma geração decadente, fútil e desfibrada. As insistentes imagens de festas, passeios, viagens e sorrisos moldados de forma teatral, não escondem, apenas disfarça sua impotência anêmica de reagirem com coragem contra forças desertoras da vida.

Triunfalismo mercadológico



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Somente ontem à noite pude assistir na integra a entrevista do escritor Peruano Mario Vargas Llosa ao Roda Viva. Adoro a literatura do Llosa, tenho-a como uma de minhas favoritas. Para mim ele é um intelectual completo, daqueles que não fogem as discussões mais espinhosas de seu tempo e cuja disposição para questionamentos parece ser sempre incansável. No mundo de pouco ou nenhuma criticidade, sua presença no cenário social, agitando e insuflando debates garante a permanência de uma ambiente menos bucéfalo. Uma coisa, no entanto, me inquieta nele, a sua reverência ao Capitalismo e ao Neoliberalismo como modelos econômicos e sociais capazes de resgatar ao homem alguma dignidade. Essa postura panfletária soa ainda mais contrastante quando sabemos de sua disposição para combater o rebaixamento da arte contemporânea e sua espetacularização. Seu mais recente trabalho, La Civilizacion Del Espectaculo atestam essa militância contra a banalização das artes e o triunfalismo mercadológico. A ele não parece supor que uma e outra coisa sejam indissociáveis. Seguindo apenas a sua implacável rejeição à ordem socialista, Vargas Llosa parece ter esquecido que a civilização na qual as mercadorias assumiram o comando das coisas, dos preços, dos valores, aviltando todas as relações, também se apoderou das artes e a está rebaixando a níveis desfibrados. 

Peça fraca e sem emoção



São muitos os equívocos do monólogo Solo Almodóvar

por Téo Júnior
Salvador 


Pedro Almodóvar, um dos mais extraordinários diretores de cinema do mundo e o principal de seu país, Espanha, que se notabilizou nesses últimos trinta anos como sendo dono de um estilo personalíssimo e imediatamente reconhecível, que Adriana Calcanhotto citou na bela música Esquadros, mereceu a homenagem da atriz Simone Brault no espetáculo Solo Almodóvar, em cartaz no Teatro Martim Gonçalves (Canela) neste último fim de semana. O início da peça, para começo de conversa, é uma cópia ipsis litteris de uma cena de Tudo Sobre Minha Mãe, aquela em que Agrado (Antonia San Juan) entretém os espectadores com a “história de sua vida” porque as principais atrizes faltaram. Daí, nossa Dolores se entrega a discussões estéreis sobre as dificuldades que os travestis enfrentam, suas experiências com os homens – quase sempre frustradas –, e o tempo custa a passar.

Colabora para o descalabro da montagem, a protagonista dedicar todo o espetáculo pronunciando um portunhol sofrível, quando ela poderia perfeitamente optar pelo português. No palco, uma enorme sandália remete ao filme De Salto Alto; as músicas e certas cenas que Simone interpreta e alude estão, claro, na filmografia do diretor, com destaque para A Lei do Desejo, onde Antonio Banderas contracenou, no longínquo 1987, com o hoje obscuro Eusébio Poncela (há uma inesquecível cena de sexo). A interpretação de Simone para Lo Dudo (Duvido), do Trio Los Panchos, não é à toa. Os figurinos estavam caprichados.

Almodóvar, mestre no colorido exacerbado e que soube retratar como ninguém o universo feminino (Volver), os travestis e suas obsessões (Má Educação) e a sexualidade mostrada de forma bonita até (Carne Trêmula) merecia um roteiro original e satisfatório – o que, infelizmente, o autor Vinnicius Morais, em mais de uma hora de encenação, não pôde oferecer. Quem sabe na próxima vez.


Não há limites para quem tem coragem

Fitzcarraldo - filme de 1982 do realizador Werner Herzog
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Alguns diretores são-nos mais queridos do que outros. As razões são que, uns nos dizem pouco, enquanto outros nos emudecem os sentidos ao transmitirem aquele "frisson nouveau", como bem expressou Victor Hugo ao ler pela primeira vez as Flores do Mal. Os filmes do alemão Werner Herzog estão para mim nessa segunda categoria. Longe de ser uma unanimidade do grande público os seus filmes distinguem-se dos blockbuster hollywoodianos pela capacidade incomum de narrarem histórias de homens em enfrentamento com o mundo selvagem e desafiador sem cederem aos perigos ou questionarem seus propósitos; um mundo maior do que suas forças podem vencer. Nessa luta, seus personagens nem sempre se dão bem. Nada mais ante-comercial do que histórias de “derrotados”. Porém, se enganam aqueles que pensam que os filmes Herzog fala sobre derrotistas e fracassados. Os resultados podem não serem o esperado. O que contam em seus filmes são as atitudes.  Num mundo de culta a celebridade o arrivista social é o modelo de homem ideal. As qualidades e os valores do homem moderno se medem pelo sucesso e as conquista. Os personagens de Herzog representam muito bem esses sentimentos de conquista, nos fazendo refletir acima de tudo sobre as suas conseqüências. Movidos pela ambição desmedida muitos entram num espiral febril de sonhos de vitória a qualquer custo. Pelo caminho encontram forças superiores, que os farão provar os limites de sua coragem ante os desafios impostos pela busca de realizações utópicas. A pretensa superioridade humana é posta à prova no embate contra as forças da natureza. Nessa luta os desfibrados e os desertores são os primeiros a caírem. Tombam contra o seu próprio peso e são arrastados pelas torrentes, vales, abismos e toda sorte de perigos os põem em marcha ré. No cinema Herzogiano a única celebração possível é àqueles destemidos aventureiros que se impõem desafios capazes de questionar os limites do homem. Com Herzog aprendemos que não há limites para quem tem coragem. 

Dia de, dia da, dia dos...

As efemérides, só nos faz lembrar que somos todos um rebanho. 

Antologia Falhada

Encontrei hoje numa livraria da USP uma antologia da poesia portuguesa contemporânea. Corri avidamente para o exemplar. Antes de desembolsar o valor cobrado pelo livro, tomei o cuidado de buscar no sumário os autores elencados para composição do panorama. Como não encontrei qualquer menção ao Henrique Fialho devolvi o livro a estante. Uma antologia que se preze sobre a poesia lusa, não pode ignorar a presença desse autor. Em qualquer recolha que se faça sobre a contemporaneidade poética o Henrique Fialho é presença indispensável, ou isso, ou a condenação do livro ao encarceramento das estantes.  

Sim reluz, mas não está a venda


Hoje,
entre tantos e tão sábios
saberes, nenhum foi capaz
de vencer, ou ao menos
constranger,
as vaidades e imorais
imposturas, dos que,
valem-se do dinheiro
para com ele tudo corromper.

Não há moral que,
de tão forte, não se dobre
ao poder do pequeno nobre.
Valores que não se vençam,
beleza que não se compre,
mesa que não cesse
e amores que não se julguem,
Pela cotação do ouro ou  do cobre.

Quando em lugar
das virtudes de caráter,
o homem entrona
as baixezas e vilanias,
mais hediondas de su´alma,
testifica sem pudor,
que embora finja,
nascido de um deus,
uma besta o pariu e te criou.



Esse poema nasceu de uma conversa com o Marco Haurélio, sobre o julgamento das pessoas sobre aqueles que se negam a se enquadrarem na dependência do dinheiro para viverem suas vidas. 


À Deriva


Dai-me, senhor!
Nenhum juízo,
Para não ter que
Ler aviso, nas
Estradas por onde
Andar.

Percorrer,
Sem temer perigo
Estradas, desertos, abismos
E quanto mais
Me aprouver
Alcançar.

De resto,
Deixai por conta
Do acaso e da lembrança
Os muitos pontos
que meus pés
irão desbravar.

Serei
Feliz e contente
apenas, com o pó
Que levo rente,
Ao chão
Do meu caminhar.