Foto: Rogério Soares. Igreja e seus fiéis. 2016.
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Ultimamente tenho ido à igreja. Não vou
lá quando o padre ou os fiéis fazem a genuflexão e estendem as suas preces, em
coro aos céus. Estou cansado de tanta gente a minha volta. Por isso, prefiro a
igreja quando uns poucos a visitam. Gosto de ver o silencioso murmurinho dos
que suplicam aos céus, remédios às suas chagas. Mas não são só estes os que lá
vão. Também estão lá, os que buscam sinceramente expor as suas faltas. Esperam
com isso ajustar as suas contas. Nessas horas os observo. Tiro foto. Penso
comigo o que será que eles fizeram para pedirem remição ou qual foi a graça
alcançada para estarem lá agradecendo? Não tenho resposta a estas perguntas. Quando
eles se vão, volto a solidão. Agora tiro fotos do que me surge à frente. Em
instantes a vida parece sem agravos e aborrecimentos. Sem pecadores ou
redimidos sou só eu, as luzes, as formas, os contrastes e mais uma vez o
silêncio divino. Mas é por pouco tempo. Logo a igreja volta a ser tomada por
alguém disposto a emendar todos os seus vícios.
Foto: Rogério Soares. Igreja e seus fiéis. 2016.
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