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Um fato que sempre me
espantou na academia, é que ela há muito tempo, deixou de influenciar a
sociedade para assumir passivamente e de forma muitas vezes serviu às
vulgaridades da vida moderna. Não é muito difícil encontrar professores que
insistem, talvez pela obtusidade crônica em que vivem, em dizerem que os fast-food televisivos não são danosos à
aprendizagem e que eles não comprometem a qualidade de pensar e agir dos
alunos. Esse pensamento, baseado no princípio do multiculturalismo, acabou por
lançar na vala comum todos os critérios que balizavam a qualidade do ofício artístico.
Em contraposição, ao exercício salutar do diálogo com os objetos oferecidos
como artísticos, equivocadas formas de qualificação passaram a dominar o
pensamento acadêmico. O neurocientista argentino, naturalizado brasileiro, Iván Izquierdo discorda da ingenuidade televisiva. Para ele, “ao apresentar
informações prontas e digeríveis” a tevê reverte o processo de aprendizagem e
compromete a memória. Ao eliminar a possibilidade de ordenação e criação
através da interação com os objetos a tevê, que já oferece tudo pronto, desestimula
inclusive a capacidade de memorização, comprometendo assim de forma maquiavélica
gerações e mais gerações de jovens. Ao se tornar dependente de estruturas
prontas e reconhecidas o nosso cérebro não cria mais os impulsos necessários
para expansão das capacidades de armazenamento de novas informações. Temos aí
uma porta aberta para demência, algo que qualifica muitos de nossos acadêmicos
na atualidade. Num processo inverso, ao desse desserviço que nos presta a tevê,
segundo o neurocientista, está a leitura. Para Izquierto a leitura é o melhor
exercício para memória e expansão do conhecimento. Essa constatação, diante de
um país que não ler, e de professores que não estimulam os alunos à leitura nos
põe a pensar que a suinucultura
alastrada pela tevê, rádio e outros veículos “culturais”, associado ao descaso
acadêmico vitimarão indiscriminadamente todas as potencialidades humanas do
nosso país por um longo período.
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