.Marc Hom
A origem
mais remota do carnaval esta na Grécia Antiga durante as celebrações em
agradecimento à colheita da uva. Os antigos Gregos agradeciam com festas e
muita bebedeira ao deus Baco pela safra do ano. Durante essas homenagens, que
duravam 5 dias eram frequentes a embriaguez coletiva. No frenesi das
comemorações explosões anárquicas e passionais eclodiam do meio da multidão. Em
êxtase a comunidade rebelava-se contra as pressões hierárquicas, sexuais,
religiosas e sociais que soterravam os anseios mais recônditos da psique
humana. Por um curto espaço de tempo podia-se viver livremente as fantasias e
desejos até então represada pela moralidade vigente. Suspensa temporariamente
as rígidas formas sociais, homens e mulheres, escudados pela máscara das representações,
fingiam serem o que bem desejavam. Imitavam animais, fingiam-se deuses, rainhas, reis, seres fantásticos e toda ordem de maravilhoso emanava
das mentes desobrigadas de servirem a razão instituída. Não preciso dizer que
essas festas logo foram perseguidas e os rituais caracterizados como desvios
morais e proibidos. Não se podia admitir que reis, deuses e autoridades tão
elevadas fossem frontalmente ridicularizados como eram nesses festejos.
Podia-se correr o risco de que as pessoas, ao imitarem sarcasticamente essas
autoridades, matasse o temor que as mantinha servis às suas autoridades. Dessas
representações surgiu o TEATRO em sua forma mais rudimentar. Desde os tempos
mais remotos ele teve uma função social transformadora; penetrar o impenetrável,
questionar o inquestionável e sugerir outras formas de pensar a realidade, para
além daquelas existentes. Porém, como ocorreu no passado e se repete agora no
presente, o que surgiu como uma forma espontânea de subversão a ordem
instituída e questionadora das estruturas sociais, foram descaracterizada de
sua força anárquica e subjugada aos interesses mercadológicos. Diz-se então que
foi encabrestada para assegurar a continuidade do pensamento racional. Não se
vê mais no carnaval a explosão incontrolada de “desrespeito às formas e
medidas” apontando para outras formas de consciência. Em A Origem da Tragédia, o original pensador alemão Nietzsche questiona a
cultura socrático-platônica, de cariz racionalista para valorizar a rebeldia
dos espíritos livres, originaria dos carnavais. O que ocorre há já
bastante tempo é que a Indústria Cultural tomou de assalto essa festa popular e
a transformou em uma diversão despretensiosa e controlada, onde um bando de
acéfalos, cheios de vulgaridade, descarregam suas frustrações e esperam viver,
mesmo que por poucos instantes, as alegrias controladas por um script traçado.
Um comentário:
Boa reflexão... Estamos a poucos dias do carnaval. Dias festivos em que a população é iludida a pensar que fazemos parte da mesma "festa" na exótica República das Bananas. Beijos querido...
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