Foto: Robert Doisneau
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A França é surpreendente. Leio no blog
da Maria do Rosário que, em meio a crescente onda de expansão dos saites de
venda de livros, que monopolizam o mercado e soterram as pequenas livrarias, a
França cria uma série de medidas para defender as livrarias tradicionais. A Câmara
de Paris não quer de modo algum o fim do comércio tradicional e por essa razão
está atenta aos livreiros que precisam de ajuda para se manterem vivos. Algumas
das medidas já adotadas foram: isenção de impostos e subsídio para atividades
de promoção de livros nesses pequenos comércios. A população também se moveu.
Uma empresa semipública comprou por toda a cidade espaços livres ou abandonados
em ruas de comércio e aluga-os por renda baixa, a cerca de metade do preço de
mercado, para livreiros se instalarem. Conscientes da importância das livrarias
tradicionais os editores se reuniram e criaram um fundo que permite a novos
livreiros começarem a atividade sem pagarem nada antes de dois anos. Por sua
vez os livreiros criaram um saite coletivo que difundem agenda de ações e
sugerem aos leitores livrarias, onde possam encontrar o livro desejado. Não
direi nada sobre as políticas de promoção dos pequenos livreiros no nosso país,
não tenho informação sobre a existência ou não dessas políticas. Mas posso afirmar
que, se existem, não estão funcionando. Quando vivi em São Paulo costumava
visitar os sebos na região do Centro da cidade. Por anos vi esses comércios desaparecerem.
Assediados pelo mercado imobiliário e fragilizados pela concorrência desleal
com as gigantes do comércio on-line os sebos da região central de São Paulo cederam
espaços às garagens ou às lojas de xingui lingui chinesas, que se proliferam
pelo centro como cancro num corpo furibundo. Penso que ter onde deixar o carro,
quando se vai à um lugar é importante. Mas não mais importante do que incentivar
a permanência do comercio tradicional de livros, que tanto podem fazer para
expandir o conhecimento e criar uma cultura de valorização de espaços sociais,
onde se possa viver a vida em comunidade. A virtualidade mata.
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