A fotografia e seus múltiplos temas

Foto: Imogen Cunningham

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Parece não haver um tema, que não tenha sido visto com interesse, pela fotografia. Ao estudar os trabalhos dos grandes fotógrafos nos deparamos com a seguinte constatação: durante o percurso de formação, eles vão apurando o estilo e perseguindo um tema, que os entusiasmam mais do que os outros, e assim formam o seu caráter fotográfico. Não é raro, porém, encontrar fotógrafos que nutrem mais interesses e alarguem seus temas a horizontes mais dilatados. Estes não concentram o seu foco de interesse em um único objeto. Inquietos que são estendem suas lentes a múltiplos pontos. Fazem isso muitas vezes movidos pelo germe da curiosidade de saberem como seria alterar códigos inexoráveis. Veja-se a propósito, o caso da americana Imogen Cunningham (1883-1976). Ela iniciou o seu percurso fotográfico fazendo estudos químicos sobre os processos de revelação. Era uma expert nessa área. Os estudos foram financiados com fotografias de plantas, para o departamento de botânica da Universidade de Washington em Seattle. Desse impulso inicial, movido pela necessidade, ela refinou o seu estilo, tomando um novo interesse nos estudos das texturas, das formas e das variedades de flores, especialmente a magnólia. A fotografia botânica que surgiu daí acabou por aliar a curiosidade científica com a expressão criativa de uma verdadeira artista. Após as flores, vieram os interesses no corpo humano. Em 1915 ela casou com o artista Roi Partridge, juntos eles exploraram os terrenos da natureza e do corpo humano. São famosas as suas imagens de Roi Partridge. Logo, não tardou que seu novo objeto de interesse passasse a ser alvo de estúpidos. A censura, imposta pela opinião pública da época, a fizeram engavetar os negativos de uma série de nus no deserto que realizou com um modelo contratado para exposição de sua lente. Depois desse trabalho, ela focou as suas fotografias nas mãos de grandes músicos e artistas. Esse último tema a levou à revista Vanity Fair. Como vemos os temas que apaixonam um fotógrafo podem ser múltiplos. Imogen Cunningham passou para história da fotografia com seus deslumbrantes close-up de flores. Mas junto a esse requinte, não lhe faltou sensibilidade, para encarrar as formas humanas em poses e gestos que a sensibilidade tacanha de alguns patuscos não foi capaz de suportar. Ela continuou a fotografar e a ensinar a sua nobre arte, até pouco antes de sua morte aos 93 anos em 24 de junho de 1976 em San Francisco.

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 Foto: Judy Dater (1974). O flagrante é de uma aula de Imogen Cunningham sobre nu artístico. Essa foto foi o primeiro nu frontal a ser publicado na revista Life.

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