Minha mãe me ligou hoje para dizer que o
meu pai havia morrido. Eu sabia que ele estava gravemente doente. Nos últimos
tempos ele que sempre esteve ausente, ligou para o meu irmão, que é mais
remediado do que eu, para lhe pedir dinheiro para um tratamento de câncer. Isso
tem 4 meses. Até onde soube ele estava se tratando. Mas hoje, a sua prima, que
cuidava dele, o encontrou morto. Nunca tive grande intimidade com ele. Éramos
distantes. Não porque havíamos brigado; simplesmente porque nunca chegamos a
ser de verdade uma família. Ele era um homem sem brios. Um tipo todo mal
talhado para a vida em família. Os seus únicos prazeres eram a bebida e o jogo.
Coisas que abomino. De lá ele tirava os únicos sentidos para a sua vida. A
última vez que o vi foi há 2 anos. Ele continuava o mesmo, só que mais
maltratado pelo tempo. Nunca em todos os momentos que o reencontrei depois da
separação dele com minha mãe, cheguei a sentir qualquer coisa que pudesse ser
aproximado com o sentimento de um filho por um pai. Morrerei sem saber que
sentimento é esse. Assim mesmo não pude deixar de me entristecer quando hoje
chegou a notícia de sua morte. Apesar de nossos desencontros lamento muito
saber que ele morreu sem que alguém lhe amparasse a cabeça, segurasse a mão ou
escutasse o seu último suspiro. Não desejo a ninguém morte igual. Tudo o que
posso fazer agora é seguir a vida e lamentar que as coisas tenham sido como
foram para nós e desejar que ele descanse em paz.
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