Autocomiseração

Um passeio pelas redes sociais, esse intrépido passatempo moderno, e logo me deparo pensando em como as pessoas andam modestas. Em todos os lugares das redes elas se confessam a todo instante, politicamente desinteressadas, inteligentemente deficientes, indignas ou incapazes de realizarem qualquer coisa. Ninguém crê ou tem convicção de nada, a não ser de sua própria imperfeição. Elas se vêem sempre como mutiladas. Frases como: “o primeiro desejo da inteligência é desconfiar dela mesma” ou “é preciso coragem para ser imperfeito”, seguido, do clichê socrático, “só sei que nada sei” e “preferia ser um burro para não sofrer tanto”, entulham os perfis ou se somam às mensagens diárias que as pessoas enviam umas às outras. Ninguém quer parecer auto-suficiente. Nos dias atuais isso soa indigno. Vai daí que as coisas andem tão pantanosas como estão. Ninguém tem a mínima convicção de nada. Andam todos em círculos esperando a voz de um líder que os indique o caminho. Com tantas trilhas abertas eu me pergunto o que estão todos ainda esperando para se enfurnarem em uma delas. Sigam as picadas ou desbravem rotas alternativas. Parem de ler manuais de auto-ajuda.

7 comentários:

Paula: pesponteando disse...

Poxa, vc escreve este texto logo agora q eu estava decidida por um livrino de água com açúcar p poder me ajudar a continuar vivendo...rsrsr...
bjão

Unknown disse...

Paulinha você não precisa de um livrinho água com açúcar pra viver, você já é a vida em pessoa...

Letícia Silva disse...

Tenho na minha cabeceira um livro de Geshe Kelsang Gyatso -COMO SOLUCIONAR NOSSOS PROBLEMAS HUMANOS.Recomendo sempre como um ótimo livro de auto ajuda.
O simples fato de você olhar para o livro de cabeceira lhe recorda e valida em sua mente e em seu coração a contribuição que aquele livro tem em sua vida. Quando você relê na íntegra ou ainda parcialmente um deles estará bebendo de novo em fontes que renovam sua busca e sua energia rumo a um ideal.
Um bom programa de leitura de cabeceira pode modificar sua vida, colaborar para diminuir suas fraquezas, intensificar suas forças e ampliar enormemente suas possibilidades futuras.
Paulo de Tarso (grande apóstolo do cristianismo) tinha em sua cabeceira, ou melhor ao lado de sua esteira de dormir, um exemplar manuscrito do evangelho de Jesus Cristo que recebeu das mãos de Pedro (discípulo e apóstolo). Ghandi tinha um exemplar do Bhagavad Gita (escrituras hindu) - veja o quanto ambos representaram no propósito de vida destas pessoas.
O que seremos amanhã partirá do que somos hoje, dê uma olhada nos seus livros de cabeceira e pergunte-se para que direção eles apontam!

Luciano Moreira disse...

Acredito que estamos o tempo todo a procura de respostas acerca das nossas atribulações...Talvez uma mensagem de otimismo nos conforta e nos remete a entender o verdadeiro sentido do viver...Para mim os livros de auto-ajuda tem um caráter "homeopático" num primeiro momento; mas com o aprofundamento surte um efeito imediato e positivo na compreensão do que realmente é ser humano em essência e sapiência...Na reflexão de que é preciso tolerância e respeito...De que a palavra intelectualidade é subjetiva e o que deve imperar é a ideia de que pertencemos apenas a uma raça: a humana...Não solucionaremos os problemas humanos apenas publicando artigos em revistas científicas...É preciso fé e compaixão e sobretudo guias espirituais nos trazendo mensagens otimistas através dos livros de auto-ajuda.

Unknown disse...

Letícia e Luciano, obrigado pela visita e pelos comentários. Pelo que pude entender temos pontos de vista divergentes quanto ao uso e a função da literatura. Isso é bom podemos discordar cordialmente das ideias. Pra mim a literatura não é um balsamo. Os chamados livros de auto-ajuda é fruto de uma combinação entre lugares comuns e ausência de questionamento da realidade, que não me agradam. O leitor dessas obras está sempre querendo ouvir as mesmas coisas... entedio-me fácil, não suporto a mesmice das práticas sadomasoquistas. Perdoem-me em dizer isso, mas os leitores de auto-ajuda estão querendo uma válvula de escape para as suas frustrações diárias. Ao contrario deles eu quero ser surpreendido, quero que a linguagem se renove... busco nas obras bem mais do que um puro aconchego de um discurso momentâneo. Pra mim a literatura tem que ser vibrante, desafiadora. Estou cansado de mais do mesmo... entendam-me essa é uma opção pessoal que nada tem haver com imposição. Mais uma vez obrigado pela visita, voltem sempre....

Lane Donato disse...

"Ai, que lamentável orgia de autocomiseração".

Na minha humilde opinião, não podemos tratar as inquietações e a complexidade humana como meros problemas patológicos que com uma " receita médica" se resolvem.Acho q o livro de auto-ajuda tende a simplificar as coisas, quando diz ao leitor tudo o q ele já sabe,quando trata o otimismo como deslumbre, quando coloca a perfeição como algo palpável, de fácil alcance.Penso que " perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito."Fernando Pessoa.Claro que devemos querer sempre melhorar , mas , Recomendações de aperfeiçoamento pessoal, profissional, etc.. Conselhos para crises existenciais, a meu ver são meras retóricas vazias. No entanto, cabe ao leitor estar atento e tecer olhares críticos a tudo o q for ler.. Se you latter ;)

Lane Donato disse...

Só corrigindo :See you Later*