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Vincent van Gogh teve uma vida desgraçada. Foi autodidata. Em pouco mais de
30 anos de vida conheceu todo tipo de opróbrio. Foi rejeitado pelo pai,
incompreendido pelos artistas de sua época, passou fome, peregrinou de um lugar
a outro errando em busca de um pouso, sem nunca encontrar sua Shangri-la. Uma
vida realmente miserável. “Os próprios cães da rua não quereriam dar em troco
desta a sua”. Nada disso foi suficiente para silenciá-lo ou fazê-lo renegar o
seu oficio. Seu sonho artístico era inegociável. Seu zelo por embeleza o mundo
incorrigível. A despeito da incompreensão paterna, da indiferença social e do
escárnio popular ele nunca se divorciou da ideia de se tornar um artista e
contribuir, a sua própria maneira, com o mundo bem diferente daquele que ele
herdou. As imagens abaixo não parecem de terem sido pintadas por alguém que
conheceu o desespero. Mas foram. Nesta era metálica de sonhos egoístas as
pinturas de Van Gogh violam aquela máxima que associam uma vida desgostosa a
uma obra taciturna e desalentadora, sem brilho e sem sonhos. Os sonhos podem
servir de salvaguarda à nossa resistência ante tantas certezas de dias piores.
Depois de Van Gogh não temos mais o direito de pensar pequeno ou nos
entristecermos. Depois dele todos os nossos problemas parecem menores e
insignificantes.
Um comentário:
Seu texto é leve e bonito, assim como os traços da pintura de V. Gogh...
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