Foto: Armando Jorge, Portugal Rural, 2015
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Há dias vi um registro fotográfico dos
mais brutais. Tratava-se de um mergulho profundo nas mazelas vivida, por uma
parcela significativa da população portuguesa nos dias atuais.
Em pleno século XXI, nas zonas rurais do
país que colonizou o Brasil, vivem milhares de despossuídos. A despeito das
muitas virtudes, Portugal, lamentavelmente, ainda é um país pobre e injusto. E
foram estes despossuídos e injustiçados, que o fotógrafo Armando Jorge, revelou
num trabalho intitulado: Portugal Rural.
Muitos foram os que comentaram os registros
do fotógrafo no facebook. Chamou-me porém, a atenção, o fato de que a grande
maioria dos comentários, passavam ao largo da visão reveladora das péssimas condições
de vida, de parcela de portugueses, que amargam as piores condições de vida que
um ser humano pode suportar.
Muitos mais foram aqueles que ficaram
embeiçados pelo desempenho da câmara, pelo apurado enquadramento das paisagens,
e pelas estéreis virtudes da técnica fotográfica mostradas pelo artista... O
que significa que há quem apenas se preocupe com frivolidades e deixe que
aquilo que é verdadeiramente importante lhe passe desapercebido.
A qualquer um, com alguma sensibilidade,
saltaria aos olhos as evidências revoltantes, das vergonhosas condições de vida,
impingida aos muitos portugueses, que vivem à margem das benesses do poder. Mas
aos olhos dos basbaques, que povoam o facebook e vivem as mídias eletrônicas e
os aparelhos tecnológicos com devoção, não lhes parecem anormais que homens e
mulheres esfarrapados ainda façam parte do cenário social.
A estilização tecnológica redimiu da carneirada
todas as inquietações e arrefeceu as mais dolorosas constatações.
Foto: Armando Jorge, Portugal Rural, 2015.
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