.Alguns dos meus livros da Cosac.
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Só os muitos aficionados por livros
entenderão. Os muitos satisfeitos com o mundo tal como é, não pressentirão que
o anúncio do fechamento de uma editora pode ser sentido por alguns com pesar. E
foi justamente com esse sentimento que recebi hoje a fatídica notícia que a editora
Cosac & Naify encerou as suas atividades. Para quem não sabe, a Cosac &
Naify é uma editora brasileira que a quase 20 anos vem produzindo livros que,
primam pela qualidade literária sem nunca descuidar da edição gráfica. As seus
edições de livros nos faz supor que, o livro é antes um relicário e não um
monte de papel enfeixado para consumo descartável. Sei disso desde que comprei
o primeiro livro dessa editora, lá nos idos de 2003. Cada livro dela é uma
verdadeira obra de arte, uma joia que pode ser cultuada, tanto quanto os
escritores que fazem parte do seu catálogo que reúne clássicos e importantes
obras da literatura brasileira e estrangeira, muitos deles ignorados pelo
grande público ou ainda desconhecidos no país. Antes do surgimento da Cosac,
poucos poderiam imaginar no Brasil uma editora que pudesse ousar tanto na
qualidade gráfica de suas produções. Uma nação de quase não leitores não atraia
investidores com interesses em produzir livros com o cuidado e zelo que muitos merecem.
Diante do fato de não encontrarmos leitores disponíveis, ficava evidente que em
primeiro lugar, o mais importante era dá ao público opções de leitura. Só
depois de consolidada uma audiência literária, as editoras poderiam pensar em oferecer
um produto com riqueza de acabamento, esmero nos textos complementar e nas
apresentações, qualidade de edição, singular apuro gráfico e outros luxos que
só os leitores experimentados poderiam exigir. Mas antes que este público,
exigente e ávido por um material mais cuidadoso, pudesse existir de verdade no
país, a Cosac saiu à frente e resolveu encarar o fato, de editar obras para um
público restrito de interessados em livros que, mantivessem os leitores em
permanente estado de enamoramento pelo trabalho de edição. Hoje esse sonho
chegou ao fim. Os muitos leitores de literatura que a editora conquistou,
nesses longos anos de aventura e ousadia, souberam pela imprensa que, os sócios
fundadores, resolveram pôr termo ao capricho que os levaram a fundar uma
editora sem igual no mundo. Sinto que a cada dia uma certa ideia de cultura se
torna rarefeita. Lamento mais essa perda para cultura brasileira. Já não faz muito tempo tivemos o fechamento da
única grande revista literária, a Bravo!. Ainda ontem os jornais traziam
suplementos literários que hoje não fazem mais parte dos periódicos, o jornal O
Globo bateu o último prego no caixão dos suplementos. Esse será o último
suspiro de um geração que caiu ante as investidas da cultura de massa com seus
apelos ao consumo desmiolado ou ainda teremos fôlego para suspender por mais
tempo a respiração antes de sermos vencidos por um mundo seboso. O que fazer, quando
o desnorte é a única estrela que nos guia?
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