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Aprendi que o princípio
básico do capitalismo de mercado é a não interferência do Estado nas ações da
economia. O agente regulador do mercado nas disputas, segundo a óptica liberal,
deve ser, do próprio mercado. Ao estado compete, segundo Milton Friedman, ideólogo
do Neoliberalismo, uma atuação limitada: “Sua
principal função (a do Estado) deve ser a de proteger nossa liberdade contra os
inimigos externos e contra nossos próprios compatriotas; preservar a lei e a
ordem; reforçar os tratos privados” noutro trecho do seu famoso livro
Capitalismo e Liberdade, Friedman atribui outra função ao Estado: “promover mercados competitivos”
estimulando a concorrência e a livre iniciativa. Como vemos, a participação do
Estado na vida econômica, segundo o modelo Liberal, limita-se a umas poucas
ações, nenhuma delas ligadas a regulação, fiscalização ou manutenção da
economia. Qualquer outro papel do Estado causaria o que os “imperdenidos homens
de ideias” chamariam de desordem econômica.
Na teoria a prática é
outra. As recentes medidas que o governo brasileiro adotou para, supostamente,
proteger o mercado nacional contra a especulação internacional, taxando em até
30% os produtos importados, beneficiaram diretamente as montadoras de
automóveis que fabricam no país e penalizaram as empresas que importam os
carros. Em nota, o ministro da economia se apressou em negar que, o reajuste
tenha sido feito para impedir o crescimento das novas marcas, como desejam as
montadoras nacionais. Difícil acreditar nessa história. O que está por trás
disso tudo são interesses econômicos e não a defesa do trabalhador brasileiro
como querem nos fazer acreditar o governo e as empresas.
As intervenções
rechaçadas pelo Neoliberalismo são sempre bem vindas para salvar empresas
ameaçadas pelo livre comércio. Era agora que as ideias de Estado mínimo
preconizadas pelos ideólogos; economia competitiva, livre comércio,
concorrência, deveriam vir à tona. Porém, o que vemos? Mais uma vez o Estado
intervindo a favor das empresas com a desculpa esfarrapada de estar, assim,“protegendo”
o Brasil e o comércio nacional... balela.
Com a entrada da
concorrência chinesa no mercado de automóveis, as montadoras, que há anos
monopolizam o setor, viram o mais promissor mercado consumidor de automóveis do
mundo, mais uma vez ser alvo de outras raposas, e saíram logo à procura do
Estado para refazer o jogo e começar tudo de novo, dessa vez com novas regras. A
livre concorrência responsável, segundo os pensadores do Liberalismo, por
equilibrar os preços e permitir ao consumidor uma opção viável, está sendo
solenemente ignorada, sob a desculpa da ameaça do desemprego.
Segundo matéria do
jornalista Joel Leite (aqui), o carro fabricado no Brasil por essas montadoras
que o governo mima, é o mais caro do mundo. Os produtos são os mesmos, mas os
preços praticados não. Vejam esses exemplos: O Corolla fabricado em três
países, possuem diferenças de preços consideráveis. No Brasil o carro custa, segundo informações do jornalista, US$
37.636,00, na Argentina US$ 21.658,00 e nos EUA US$ 15.450,00. Outro exemplo de
causar revolta: o Jetta é vendido no México por R$ 32,5 mil. No Brasil esse
carro custa R$ 65,7 mil. Joel aponta ainda outros exemplos. O Gol I-Motion com
airbags e ABS fabricado no Brasil é vendido no Chile por R$ 29 mil. Aqui, custa
R$ 46 mil.
Se o Estado realmente estivesse
preocupado com o brasileiro, em vez de penalizar a concorrência, desestimulando
como está fazendo, deveria cobrar das montadoras nacionais preços justos e
competitivos, que pudessem fazer frente aos produtos chineses e não interferir
na competição pelo mercado que empurraria os preços para baixo. Ao acionar
essas medidas o governo salva, não os empregos e a indústria nacional, mas o
lucro exorbitante das montadoras que não se acanham em venderem o mesmo produto
em países diferentes com margem de lucro inexplicável.
Esse governo tem vários
méritos, nenhum deles, porém, está associado às ações econômicas.
Um comentário:
Excelente texto Meu Bem... Nesse país, infelizmente, somos "roubados" de todos os lados.
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