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“Temos que nos tornar a mudança que
queremos ver”.
Gandhi
Quem não pressente, diariamente, que as
sociedades desenvolvidas vão se erguendo sobre o desprezo dos valores comunitários,
da solidariedade e do respeito ao outro? Num mundo ressecado pela competição e
o individualismo, quase não há lugar para os melhores sentimentos humanos. O
que impera, são rancores, ódios e sentimentos destrutivos de uns contra os
outros, que põem o mundo em continuo pé de guerra. Falo assim, porque vejo, lá pela
escola, todos os dias, atos de brutalidade gratuita, que vão se naturalizando,
quando não deveriam.
Mas até hoje - e espero que isso nunca
me aconteça - nenhuma das ameaças que ouço os alunos trocarem, nenhuma das barbáries
ditas com ar de indiferença, nenhum dos destemperos testemunhados, ou dos atos
de banalização da violência, foram capazes de me destituir a crença de que os
homens são feitos da mesma matéria, e portanto, a aparente separação que os
diferem, não passa, de um efeito das formas temporais. “A verdadeira realidade
da humanidade”, escreveu Joseph Campbell, “está na unidade com todas as formas
de vida”.
Isso significa dizer que, você e eu somos
um só. Essa percepção do outro como uma parte de mim, e não como um outro indiferente,
está nos faltando. A ganância do sentimento individualista nos cegou para essa nobre
verdade. Precisamos urgente reaver essa percepção do mundo que restaura em nós
o outro como uma parte infalível de nós mesmos.
Podemos começar aprendendo com os
hindus, budistas e javanistas que há milênios, saúdam-se mutuamente com um
gesto de contração das mãos sobre o peito; depois se curvam em reverência uns
aos outros, enquanto pronunciam a palavra: NAMASTÊ. A palavra vem do sânscrito
e significa: “o deus que me habita saúda o deus que te habita”. A dignidade
desse simples gesto, expressa a grandeza de reconhecer no outro - pode ser um
alguém, que vejo pela primeira vez, ou um ente querido - o reconhecimento de
que os indivíduos, não me são indiferente, transparente ou invisível. Ao
contrário, são seres superiores e que portanto merecem igual respeito,
admiração e zelo.
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