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Somente ontem à noite pude assistir na
integra a entrevista do escritor Peruano Mario Vargas Llosa ao Roda Viva. Adoro
a literatura do Llosa, tenho-a como uma de minhas favoritas. Para mim ele é um
intelectual completo, daqueles que não fogem as discussões mais espinhosas de
seu tempo e cuja disposição para questionamentos parece ser sempre incansável. No
mundo de pouco ou nenhuma criticidade, sua presença no cenário social, agitando
e insuflando debates garante a permanência de uma ambiente menos bucéfalo. Uma
coisa, no entanto, me inquieta nele, a sua reverência ao Capitalismo e ao Neoliberalismo
como modelos econômicos e sociais capazes de resgatar ao homem alguma
dignidade. Essa postura panfletária soa ainda mais contrastante quando sabemos
de sua disposição para combater o rebaixamento da arte contemporânea e sua
espetacularização. Seu mais recente trabalho, La Civilizacion Del Espectaculo atestam essa militância contra a
banalização das artes e o triunfalismo mercadológico. A ele não parece supor
que uma e outra coisa sejam indissociáveis. Seguindo apenas a sua implacável
rejeição à ordem socialista, Vargas Llosa parece ter esquecido que a
civilização na qual as mercadorias assumiram o comando das coisas, dos preços,
dos valores, aviltando todas as relações, também se apoderou das artes e a está
rebaixando a níveis desfibrados.
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