Henri Miller dizia que a força de uma
nação poderia ser muito bem medida pelo grau de importância que esta dava aos
seus escritores. Uma civilização intolerante com os escritores estaria, pensava
o escritor americano, fada ao fracasso.
As artes, afirmava o autor de Trópico de
Câncer, serve de antídoto contra as moléstias do despotismo e do autoritarismo.
Tive uma mostra dessa ideia ontem assistia
ao documentário sobre a vida do educador Alceu Amoroso Lima. A certa altura do
filme, o filho do pensador católico recorda que em visita aos EUA passou pela
biblioteca de Nova Iorque e pesquisou a existência de alguma obra de seu pai
por lá. Obteve então incríveis 79 entradas para o nome Amoroso Lima. Surpreso,
ele confessou que este número supera em muito o número de títulos desse autor
em qualquer biblioteca brasileira.
A superioridade Americana sobre o resto
do mundo não pode ser medida apenas pela sanha beligerante. A vitalidade da
América vem, em boa medida, de seu apreço e valorização à cultura como um valor
potencializador de sua sociedade.
Ninguém, em sã consciência é capaz de
desmentir o filho de Amoroso Lima. Essa é uma dura verdade. O Brasil, ao
contrário da América, sofre violentamente com a má distribuição de livros a
toda população e com as péssimas condições das nossas bibliotecas os problemas
tomam ares de insolúveis. O reflexo disso? Uma população semialfabetizada com
sérios problemas sociais e pouca perspectiva de futuro.
Enquanto a realidade por aqui é essa, na
terra do Tio Sam livro é coisa séria.
Mais uma mostra do gigantismo americano
vi ao ler o trabalho do historiador Robert Darnton, O Diabo na Água Benta,
livro que relata as ações de libelistas durante os reinados de Luís XV,
passando pelo até a Revolução Francesa. Num dos relatos Darnton descreve a
figura de um dos maiores envenenadores, mexeriqueiros e caluniadores que França
oitocentista viu, Anne-Gédéon Lafitte, marquês de Pelleport. Autor de variados
trabalho que expunha ao ridículo as grandes figuras da política francesa
Pelleport foi preso e ficou trancafiado na Bastilha por quatro anos. Nesse
período, conta-nos o historiador, Pelleport abdicou do relatos de escarnio
contra as autoridades e se dedicou a escrever um romance autobiográfico sobre
os libelistas franceses. E onde estava os únicos exemplares disponíveis para
pesquisa desses livros? Na América, of course.
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