Foto: Robert Doisneau
.
Costuma-se dizer amiúde, que envelhecer
traz consigo não apenas rugas ao rosto. E diz-se isso por se acreditar que
envelhecer traz também sabedoria. Acreditamos piamente que, em oposição a uma
ingenuidade juvenil, a velhice faz do homem um ser mais dotado para evitar os
dessabores da vida.
Mas não é bem assim. Envelhecer não afiança
ao homem segurança alguma contra os infortúnios. Talvez o torne mais pretensioso
por acreditar imune ao que ficou no passado. Do berço ao túmulo, no entanto,
não temos nenhuma garantia de sorte, mesmo velhinhos continuaremos assombrados pela
má fortuna e outros males.
A certeza disso me veio hoje ao ler nos
jornais a notícia de que o matusalém do pop, o canadense Leonard Cohen, ao completou
no último mês veneráveis 80 anos, luta contra o alcoolismo, a depressão e um
furto de bens promovido por sua ex-agente e amante, que o surrupiou todas as economias,
12 milhões de dólares, que o cantor guardava para sua aposentadoria. Dinheiro,
fama, sucesso, prestigio, velhice, nada disso nos distancia dos erros.
A vida recente do cantor canadense é a
prova viva de que o homem é, em todas as idades, vulnerável às piores quedas. As
adversidades não escolhem tempo para aparecerem. Elas não querem saber se você
é pop, rock ou finge fama. Surgem nas horas mais inconvenientes e destroem
nossas melhores pretensões, devolvendo-nos ao rosto aquele ar de
constrangimento juvenil que durante toda a vida nos esforçamos para arrancar. Acreditar
que a verdadeira sabedoria está num acumulo de tempo, não passa de uma ilusão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário