Foto: Clarence White, Mãe e filho.
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Às vezes, em dias de luz perfeita e
exata,
Em que as coisas têm toda a realidade
que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Por que sequer atribuo eu
Beleza às coisas.
Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que
não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado
que me dão.
Não significa nada.
Então por que digo eu das coisas: são
belas?
Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras
dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente
existem.
Que difícil ser próprio e não ver senão
o visível!
Alberto Caeiro, Poema XXVI
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