Foto: Araquém Alcântara.
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A fotografia brasileira é inteiramente
dominada por um nome: Sebastião Salgado. Os trabalhos desse mineiro são obras
primas da fotografia. Ninguém parece capaz de lhe fazer frente, tamanho empenho
ele dedica às suas produções. Diz-se que ele faz fotografia como um pintor
compõe um quadro: preocupado com a harmonia e o equilíbrio das formas.
É ainda importante a atenção dada por
ele a textura dos motivos. Saltam aos olhos dos seus admiradores os
microcontrastes que surgem das imagens que ele captura. Não se perde nenhum
detalhe da imagem que Sebastião faz. Isso se deve a escolha acertada do
preto-e-branco na composição das suas imagens. O PB torna mais perceptíveis os
tons, os contrastes e os pormenores da imagem tornam-se evidentes.
Por tudo isto, não falta também quem
afirme, que ele alcançou uma qualidade em seus registros que só encontra
precedente em outros nomes maiúsculos da fotografia: Cartier-Bresson, W. Eugene
Smith... Nenhum de seus trabalhos parecem menos que perfeitos. Creio não estar
exagerando.
A excelente reputação que construiu,
tornou Sebastião Salgado um nome incontornável. Mas o que é a glória para uns,
pode bem ser o tormento para outros. Por seu gigantismo, Sebastião Salgado,
acabou por fazer sombra a muitos outros bons fotógrafos nacionais, que não têm,
como ele, a devida atenção do público, nem gozam do prestígio merecido pelos
méritos incontestes que demonstram.
Porém, ao olharmos com atenção mais
detida, talvez vislumbremos outros nomes, que se não chegam a impressionar como
Salgado, ao menos têm o mérito de nos prender demoradamente a atenção. E em
tempos fugazes, onde o mote da vida é a aceleração do tempo, não pode existir
qualidade maior no trabalho de um fotógrafo, do que este de deter o olhar do
expectador, e o capturar em horas mais alargadas de atenção sobre o objeto
apreciado.
Um desses nomes é o do fotógrafo Araquém
Alcântara. Com mais de quatro décadas de trabalho ele faz valer as horas que se
gastam em apreciar tudo o que ele faz em termos fotográficos. No site que
mantêm na internet podemos vislumbrar um pouco dos seus inúmeros trabalhos. O
que se evidência ali, além das qualidades fotográficas evidentes, são as
ocorrências de alguns temas.
Um dos seus prediletos, parece ser: as
paisagens naturais do Brasil. Isso talvez se deva ao fato dele combater
obstinadamente as agressões que põem em risco a exuberante natureza nacional. A
fotografia para Araquém confunde-se com o ativismo ambiental. Ele não esconde
que é um fotógrafo, como ele mesmo gosta de dizer, “engajado”.
Além das paisagens ele insere em suas
incursões os motivos humanos. Quando ele se volta para estes, emergem pulsantes
personagens. Todos eles são facilmente reconhecidos por nós brasileiros. Mas
alguém que não os conhecessem, também os apreciariam. Pois são expressivos e
dizem mais do que as circunstâncias geográficas sugerem. Os cenários em que
figuram esses tipos, ressaltam as regiões que formam o país uma unidade na
diversidade.
Através das lentes de Araquém
vislumbramos um Brasil que, longe dos grandes centros urbanos, vive e celebra a
sua riqueza. São fotos de enorme qualidade e mestria técnica, que nos revelam
um país, cheio de vida e de dinamismo, sobre o qual ninguém consegue ficar
indiferente. Mesmo que se tenha uma sombra encobrindo a sua presença, a fotografia
de Araquém se faz perceptível.
Foto: Araquém Alcântara.
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