"O patriotismo" escreveu
Samuel Johnson "é o último refúgio dos canalhas". A esse valhacouto junta-se
os bairristas, que são aqueles que pregam as supostas virtudes de sua terra,
esquecendo-se, por decoro ou mau-caratismo, as inconvenientes verdades, que por
ventura desminta as melhores qualidades dos sítios que se imaginava imaculados.
O menoscabo de si próprio é uma forma de
grandeza que os patriotas vez por outra deveriam experimentar. É um lembrete
que nos traz à terra e a todos nivela por igual. Todavia muitos ainda pensam
estar no melhor dos mundos possíveis, e não se permite a crítica de sua pátria
ou de sua cidade. Satisfaz-se assim com as ilusões que, convenientemente lhes
preenchem a algibeira, negando todas as evidências de vícios e malfeitos de
sua “terra amada”.
Mas a verdade das verdades é que: em
essência não há lugar no mundo, por mais belo e próspero que pareça, que não
pese vulgaridade, orgulho, falsidade e vergonha. Dotou-nos a todos o destino
dessa má sorte. Nisso estamos rendidos. Mesmo que os patriotas neguem cegamente
as evidências, e os bairristas finjam não ver as verdades, elas continuarão lá.
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