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Stalin corrigia páginas e páginas de
Gorki, metendo nas histórias o que o escritor não era “capaz” de meter. Quando
não havia submissão às críticas do generalíssimo, os escritores soviéticos
deixavam o mundo da literatura, para habitar o esquecimento siberiano. Alguns
de lá trouxeram mensagens sobre os serviços de “reaprendizagem literária”.
Outros com menor sorte de reaver-se com
a nova crítica, não chegaram tão longe, e antes mesmo de sentirem as lições
transformadoras da estética stalinista, encontraram com o barqueiro Caronte,
que na época, trabalhou em regime de serviço extra, para dar conta dos enviados
pelo governo do povo, à mais nova morada dos escritores.
Na China o camarada Mao não fez por
menos que seu colega. Querendo emendar o que chamava de “desvio burguês” que
empestava a literatura chinesa de então, o grande líder, que também sabia tudo
de literatura, correu com os escritores para os rincões chineses, onde eles
puderam depurar a criatividade, enquanto atolavam as mãos nos arrozais e
fertilizam as suas novas consciências com esterco, ao lado dos verdadeiros artistas
da pátria, o povo.
O barbudo cubano aprendeu as lições de
seus antecessores político-literários. Depois de derrubar o ditador Fulgêncio
Batista e instalar um regime de igualdade social, ele se apercebeu que, o seu
regime seria, tanto mais vigoroso e duradouro, quanto menos escritores
canhestros estivessem a entulhar a literatura de dizeres e fazeres que nada
serviam a emancipação do povo. Com ares senhoriais ele construiu as casas de
correção, em regime interno, onde os escritores aprendiam que não se podia
querer tudo e mesmo assim estar de acordo com o novo pensamento.
De tempos em tempos uma nova onda
reconduz os literários ao bom caminho. Não temos mais os líderes da envergadura
dos grandes comunistas no leme de nossa precária embarcação. Mas quis a sorte,
que em meio a escassez de timoneiros tarimbados, uma outra força viesse ao
nosso encontro, e nos reconduzisse às históricas políticas educativas de
instrução literária. Essas novas forças atendem por variados nomes. Em comum,
elas possuem o ímpeto dos timoneiros do passado de devolverem ao curso certo,
as histórias que os literários vão delirando.
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