Estou certo de que uma vida não chega,
para realizarmos todos os nossos sonhos. Digo isso, é claro, para negar em mim
a fraqueza de não ter chegado às portas das grandes realizações. É simples culpar
a vida pelos tropeços. Eximimo-nos assim da culpa pelas derrotas, e seguimos
fingindo autocomiseração. Quando não temos feito o que deveria ter sido feito,
entregamo-nos à culpa ou às piores imposturas.
Na esperança de resgatarmos alguma
dignidade da lama, fingimos que ela também pode ser purificadora, só para não
ter que dormir com a realidade. Não restando nada mais, nem nenhuma outra
desculpa que nos dispense da franqueza de se saber menos, nos apegamos a última
das convicções: a de que a vida não é nunca perdida, enquanto não é terminada.
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