.
.
Interessa-me a fotografia. Interessa-me
como enigma, como código que desvela outros por sugestões. Gosto dela quando
indiciam coisas para além do óbvio. Mas em tempos de imagens omnipresentes as
fotografias banalizaram-se. Mais do que ver outras coisas, a fotografia atualmente,
tornou-se um espaço para ver narcisisticamente. Com isso as imagens não apelam
mais à memória ou ao sentido de decifração que a tornava atraente e atemporal.
Hoje tudo já está dado. Esvaziadas de algum sentido simbólico, elas agora não
passam de suportes que, estampam rostos e corpos, empenhados em simular vidas
alheias. Foram assim assenhoradas por aqueles que não entendem por que não
foram parar nas capas de revistas do jet
set e estão por isso fingindo estar onde não estão, mas se supõem, pela auto
ilusão das bruxuleantes imagens que reproduzem o que a realidade não foi capaz
de fazer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário