Não
é para qualquer um assumir-se anti o que quer que seja. Ser-se anti não é
apenas assumir-se uma posição contrária a, é ser-se pela negação do objecto que
se despreza, é colocar-se numa posição de cegueira e de ódio. A ser anti
qualquer coisa, eu seria, desde logo, antianti. Mas sem ponta de cinismo posso
afirmar que sou anti-racismo, antimachismo, sou anti-homofobia. Pouco mais. Até
a estupidez eu consigo admirar em certas circunstâncias, e frequentemente me
rio de certas misérias alheias. São poucas as coisas no mundo, sobretudo as
humanas, que me merecem desprezo. Adoptei o espírito do romântico e idealista
Novalis. No mundo das ideias, aceito tudo e o seu contrário. Os opostos
desafiam-me, não me inspiram ódios. As antinomias, os maniqueísmos,
estimulam-me. De que me vale ser anti-nazismo? Não sou. O nazismo existe, tento
compreendê-lo, esforço-me por estudá-lo para poder contradizê-lo. Não o aceito,
mas não lhe tenho ódio precisamente para que nada de mim se possa rever nessa
abjecta ideologia.
Via Antologia do Esquecimento, o blog do Henrique Manuel Bento Fialho.
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