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As cantigas de trabalhos são criações
artísticas autênticas do povo, que se valem delas para, entre outras coisas,
estimular os ânimos na batalha pela sobrevivência diária. Oneyda Alvarenga, em
seu livro Música Popular Brasileira,
afirma que, no Brasil, existe uma variedade imensa de cantos de trabalho.
A maioria dessas cantigas estão
relacionadas às atividades rurais. O adjutório acelerava as tarefas da
colheita do algodão, do plantio do milho, do arroz, do feijão. Elas são ainda
importantes na colheita e trato da mandioca, no preparo da farinha ou nos
trabalhos de produção da cachaça ou da rapadura, nos engenhos e alambiques que
ainda resistem à cultura industrial desses produtos.
Um das forma mais conhecidas dessas
cantigas de trabalho, é o aboio. Popularíssima no Nordeste Brasileiro essa
forma de canto, ainda está presente no dia a dia de muitos trabalhadores sertanejos
que ainda lidam com o gado nas velhas formas tradicionais.
Oneyda Alvarenga afirma que, “os aboios
constituem um dos mais importantes grupos dos nossos cantos de trabalho
rurais”.
Mas o que são aboios? Mário de Andrade, autor
modernista que pesquisou muito das tradições populares, definiu em, As melodias do Boi, o canto de aboio,
como: “um canto melancólico com que os sertanejos do Nordeste ajudam a marcha
das boiadas. É antes uma vocalização oscilante entre as vogais A e Ô. A
expressão de impulso final “Oh dá!” também muda para “Êh, boi!”. (ANDRADE, 1987,
p. 54).
A vocalização das vogais em altissonante
alarido constitui a forma pura de aboio. Porém, a forma tradicional divide lugar
com histórias versadas, que contam feitos de vaqueiros e histórias de bois
valentes, que botavam à prova a coragem e a destreza dos vaqueiros nos sertões
carrascosos.
Em 1998 o Globo Rural produziu um
documentário que conta a história do aboio através do depoimento de velhos
vaqueiros e acadêmicos.
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