Adeus a Moacyr Scliar

Bienal do Livro 2008
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Quase não pude acreditar quando abri a internet e me deparei com a notícia do falecimento do escritor gaúcho Moacyr Scliar. Scliar tinha 73 anos, morreu na madrugada deste domingo (27) no Hospital das Clínicas de Porto Alegre, de falência múltipla dos órgãos devido às consequências de um acidente vascular cerebral (AVC), ocorrido no último dia 16, informa-nos o G1.

Filho de migrantes russos Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre em 1937. Sua carreira literária seguiu paralela ao ofício da medicina por boa parte de sua vida, até que o médico despiu o jaleco para envergar, com maestria própria dos melhores literários, caneta e papel. Nessa jornada foram mais de 70 obras, indiscutíveis em suas qualidades estéticas e criativas, reconhecida e admirada no Brasil e em muitos outros países.

Em 2008 durante a Bienal do Livro de São Paulo tive o prazer de conhecer pessoalmente esse maravilhoso escritor. Na ocasião ele havia sido convidado para falar num stand, não de sua obra, mas sim de uma de suas grandes paixões, a obra de Machado de Assis. Moacyr Scliar não se fez de rogado, teceu rasgados elogios a Machado, contou divertidas anedotas sobre o universo literário e gozou da vaidade que se ocupa muitos de nossos escritores, arrancando gargalhadas do público presente. Ainda me lembro de uma, das muitas histórias que ele contou que revelam o homem, por trás do escritor. Dizia assim: “Estavam reunidos dois escritores. Um falastrão e vaidoso que nunca deixava o outro falar contando sempre de suas inúmeras aventuras no exterior, das palestras proferidas, dos livros traduzidos, das amizades e de sua mais recente obra. Percebendo o tédio, com que o seu amigo ouvia aquelas histórias, o falastrão pediu desculpas, por estar aborrecendo tanto o seu colega, e prometeu parar de falar de si mesmo e disse: Agora me diga; o que você acha da minha obra?”

A suspeita da seriedade de alguns homens serviu sempre a Moacyr Scliar de antídoto contra as vaidades que seduzem aqueles que vivem sob os holofotes da fama. Sentiremos a sua ausência.

Um comentário:

REGINA disse...

BELO TEXTO E BELA FOTOGRAFIA QUERIDO!