Viva o fotojornalismo

Não tardou para que surgissem polêmicas envolvendo a foto do ano do World Press Photo 2017. Já era esperado. Nenhuma premiação é unânime. Haverá sempre quem pense que a escolha poderia ter sido outra.

A critica mais contundente, partiu do presidente do júri do prêmio, que em artigo publicado no The Guardian, alegou motivos morais para não aceitar a escolha da foto de Burhan Özbilici, que mostra o assassinato do embaixador Russo na Turquia, como a melhor do ano.

Segundo Stuart Franklin, a foto incentiva e amplia a voz do terror no mundo e por isso ela não deveria ter sido escolhido.

Eu discordo. O fotojornalismo tem um papel que vai na contramão da ampliação da voz do terror no mundo. Ele constrange e põe em seu lugar os monstros que insistem em surgir.


Além disso, o fotojornalismo tem o dever de mostrar o que se passa com o mundo. E queira ou não é assim que anda o mundo, com pessoas a atirar contra os seus adversários e se gabando de verter sangue alheio em frente a um maior número de pessoas possíveis.

Camões

Canto I 106/106

No mar tanta tormenta, e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade avorrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme, e se indigne o Céu sereno

Contra um bicho da terra tão pequeno?

Por que fotografo?

Para dar expressão ao meu sentido estético.