BIBLIOTECÁRIO

Pintura de Carl Spitzweg

Quando digo às pessoas que sou bibliotecário elas pensam imediatamente que passo os dias a ler. Outras disfarçam sua reprovação, franzindo o cenho, enquanto dizem: “Que legal, deve ser muito bom trabalhar não fazendo nada”. Desde cedo, eu já percebia, que não seria possível exigir das pessoas que soubessem a verdadeira função de um bibliotecário.

“A ditadura da mediocridade” no campus de Caetité

A moralidade, embora caindo em progressivo desuso, ainda encontra quem faz dela uma morada. Num contexto de relativo descrédito, com a política e os políticos, com as religiões, governos, empresar e universidades, manter a integridade torna-se cada vez mais um desafio, ao qual nem todos estão dispostos a enfrentar. Há, no entanto, alguma esperança. Com a devida vênia reproduzo abaixo, na integra, a carta do professor Paulo Henrique, que mesmo, miúdo, não cansa de alargar os sítios da moralidade.



“O sujeito ético só pode existir se preencher as seguintes condições: ser consciente de si e dos outros, ser dotado de vontade, ser responsável e ser livre.” M. Chauí

Durante os dois anos da minha gestão foi travada uma séria luta pela qualidade na educação superior. Uma luta pela maior disponibilidade semanal do docente, pelo acompanhamento da freqüência docente, pela implementação de projetos acadêmicos, pelo cumprimento do regime de dedicação exclusiva e pela qualidade das aulas na graduação. Com o término da minha gestão, rápida e sorrateiramente, o campus retornou ao seu antigo leito. Evidencia-se o avanço de uma estranha noção de professor horista que o desobriga da pesquisa e extensão, cuja prática passa a ser nivelada com as dos docentes das universidades particulares. Uma noção perniciosa e oportunista, defendida avidamente dentre professores do campus: “a mediocridade coroada encena ser uma instituição séria, de ‘ensino superior’” (Kothe). A luta pelo ensino superior como espaço não exclusivo à sala de aula, desconectado da pesquisa e da extensão universitárias, sucumbiu ao pseudo-compromisso reinante.

As últimas deliberações da plenária e do conselho de departamento da nova gestão do campus revelam uma luta inglória. Fato que se agrava porque deliberações são aprovadas sobre pontos não incluídos em pauta e orquestradas pelos que buscam degradar o conhecimento sob o menor enquadramento das horas-aula em dias da semana. Prática estranha às gestões anteriores do campus, em que se primava pela ampla divulgação das pautas de discussão no interesse único de promover a participação democrática e a liberdade no debate de idéias e ações. Cabe perguntar onde reside a democracia tão arrogantemente defendida em discursos pelos oportunistas de plantão? Por certo na infixidez da multicampia na Uneb, cujas moradas provisórias dos docentes fazem dos campi, e particularmente do campus de Caetité, lugares de passagem transitória. Uma ação em que o discurso que se afirma democrático se contradiz. Abandonado o debate intelectual, impera a vulgaridade dos discursos sem ação: “À mediocridade intelectual somou-se a baixaria moral”. (Kothe).

Para que aqui não se configure um discurso sem evidências, reporto-me à plenária departamental que suspendeu o Ato Administrativo 213/2006. Viu-se ali o açodamento ardiloso de ponto não incluído em pauta em que tanto a presidência da mesa quanto a plenária não dispunham dos materiais obrigatórios à instrução do ponto a ser apreciado. Um dos instrumentos para a construção do ensino superior no campus foi suspenso sob o cinismo majoritário do “sei, por ouvir dizer” e pela omissão vacilante: “Nunca as relações de compadrios foram tão escancaradas e perversas”. (Roberto Sá).

Por fim, gostaria de dizer a todos que confiaram na minha gestão - e que pelos seus atributos se identificaram com a minha posição no processo eleitoral - que equívocos fazem parte da vida e a eles estamos todos sujeitos. Apesar dos últimos acontecimentos revelarem uma postura diversa dos propósitos que sempre defendi, espero que continuem firmes na luta pela construção de um projeto sério para o campus.

“Na universidade, recebe mais salário quem foi mais salafrário. Recebe menos quem produz mais em termos acadêmicos”. F. Kothe

Paulo Henrique Duque Santos
Prof. do curso de História da UNEB/Caetité
Caetité, 23/10/2008

RAZÃO LITERÁRIA

Instado a me pronunciar sobre as qualidades que aprecio nas obras literárias, digo de pronto que elas devem provocar algum desconforto. Isso para mim basta. Porque aquelas que tentam me confortar, tenho na conta de nauseantes. Nesse sentido sou totalmente Nietzscheano. Não posso crer que sem algum desafio, esforço ou luta se faça um homem, tanto mais uma obra literária. Por isso gosto mesmo são dos amores fracassados, dos vencidos da vida, dos derrotados, dos silêncios e vazios, dos errantes e dos frustrados sociais, dos marginais e prostitutas, dos traídos, dos náufragos dos ressentidos dos iconoclastas morais e religiosos. De didatismo já temos por conta. É preciso encarar a vida com coragem. Mas antes algum esforço tem de ser distendido. Esses pontos resumem bem as razões pelas quais gostos tanto de literatura porque como disse Cesare Pavese ela é uma defesa contra as ofensas da vida.

A IMPRENSA VIGIADA




A organização Repórteres Sem Fronteiras, com cede na França, divulgou o ranking da liberdade de imprensa no mundo. O Brasil, que já ocupou a 84 colocação em 2007, subiu duas posições esse ano. Mesmo assim ficou atrás de países como o Haiti em 73 lugar, Argentina 68, Equador 75 e tantos outros. A julgar pelo estado de coação e constantes pressões a que são forçados os jornalistas em centro como Rio e São Paulo, o Brasil em vez de continuar a sua “ascensão”, corre sérios riscos de cair posições. Sim, porque a formula encontrada para chegar a brilhante conclusão dos lugares com total ou nenhuma liberdade de imprensa foi, pasmem, inquirindo 10 jornalistas locais sobre suas condições de trabalho.

ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE...

DRESDEN, 1945


HIROSHIMA, 1945


VIETNÃ, 1972



NOVA YORK, 11 DE SETEMBRO 2001


IRAQUE, 2004

Valesse alguma coisa, as imagens de horror e pânico que ilustram esse post, não se repetiriam. Passado tantos anos elas continuam insignificantes, tamanha a insensatez e demência da maioria das gentes. Os homens continuam os mesmos, tão burros e gananciosos, que mesmo em face da morte mais atroz, insistem no terror, só para satisfazerem seus caprichos mais urgentes. Agora mesmo em algum lugar uma barbárie sem tamanho se anuncia. Quando eu nasci, (dizia José de Almada Negreiros, velho conhecido desse blog) as frases que hão de salvar a humanidade já estavam escritas, só faltava uma coisa – salvar a humanidade. E quem poderá fazer isso. Depois dessas imagens tenho dúvidas de nossa capacidade.

UMA ATITUDE ACÉFALA

Quadro de Francis Bacon

Uma amiga, jura conseguir viver muito bem desligada cerebralmente das coisas. Diz que, isso a rejuvenesce. Como se o pensamento, despendesse energia de mais, ela finge não querer saber de nada. Isso a faz atingir a dormência e a paz desejada. Pra mim isso é um atentado contra a natureza. Nosso cérebro levou milhões e milhões de anos até evoluir ao estágio atual e, seguramente, não foi ignorando as coisas, que ele despontou no zênite. Pelo contrário sua evolução passou pelo exercício diário de auto-aprendizagem, até hoje não interrompida, a não ser por minha amiga. Definitivamente minha colega está cometendo um desserviço ao tentar refrear o curso normal em que ela mesma (a natureza) se colocou. Também não posso crer que minha colega esteja sozinha nesse pensamento. O que mais vemos hoje em dia são ações e atitudes acéfalas de quem, por ter cabeça, só a usa, para ostentar o último penteado da moda, ou para plugar o seu novo iPod. O resto é acessório. O pensamento a reflexão, a crítica, são a melhor defesa contra o estado geral de bovinidade que assola nossa época.

RAZÕES PELAS QUAIS GOSTO DAS FRANCESAS


Eu não devia, pela obviedade dos fatos, mas aqui vão algumas razões pelas quais me apetecem as francesas. Em especial uma que nunca saiu de cena, a hoje senhora Brigitte Bardot (n. 1934). Primeiro que além de talentosas elas dispensam comentários quanto a sua beleza e formosura. Idealizada, cantada e sonhada por muitos. Ninguém jamais conseguiu ficar indiferente a elas. Inquietantes e tentadoras. Se não bastassem a generosidade com as quais a natureza lhes ornaram, calha ainda, que elas sejam destemidas e estejam sempre avant guard de seu tempo. Definindo e reconstruindo a forma e as imagens de como as mulheres são vistas elas estimulam novos pontos de vistas da figura feminina no mundo e povoam o imaginário fantástico de artistas, cineastas, etc.. Presumivelmente essas qualidades não se encontram em qualquer uma. Em razão disso nada lhes escapam. A propósito, as recentes discussões e debates dos presidenciáveis Americanos mexeram com os brios da musa do cinema francês das décadas de 50 e 60, Brigitte Bardot. BB como é carinhosamente conhecida na França, hoje bem menos atraente, mas não menos francesa, saiu ao ataque da candidata à vice de McCain, Sarah Palin. Presidenta de uma fundação de defesa dos animais que leva seu nome, Bardot disse que Sarah Palin é “uma vergonha para as mulheres”. “A Senhora, ao negar a responsabilidade dos seres humanos no aquecimento global, ao militar a favor do porte de armas e do direito de dispará-las no que quer que seja (Palin tem como hobby caçar), e com falas de uma desconcertante estupidez, é uma vergonha as mulheres e representa uma terrível ameaça a uma verdadeira catástrofe ecológica”. Escreveu a ex-atriz. Palin defende a exploração de petróleo na Reserva Nacional da Vida Selvagem e é contra a proteção de ursos polares, ameaçados pelo aquecimento global, "o que é testemunho da sua total irresponsabilidade, (e) da sua incapacidade de proteger ou de, simplesmente, respeitar a vida animal". Indignada completou: “Em nome do respeito e da preservação da natureza, desejo que você perca essas eleições já que o mundo sairá ganhando”. Definitivamente as francesas são muito mais atraentes.

O BIBLIOTECÁRIO FUNDISTA


Eu já havia ouvido falar em fundista literário. São aqueles autores cuja prolixidade se compara com a resistência de um maratonista que percorre longas distâncias. Honoré de Balzac (1799-1850) foi um deles ao procurar retratar a realidade da vida burguesa da França de sua época, em oitenta e oito obras, conhecidas como A Comédia Humana. Agora vejo com pesar que a Biblioteca Campus VI Caetité, vítima de inúmeros furtos promovido por seus usuários, inaugura uma nova modalidade de fundista. Trata-se do bibliotecário fundista. Sua tarefa é bem menos nobre do que a do literário francês. Cabe a ele ir ao encalço de usuários que tentam molestar o patrimônio e constranger os funcionários, além é claro de prejudicar as atividades de empréstimo. Para isso ele deve estar acostumado a perseguições e vexames típicos dos filmes pastelão. Semana passada, eu mesmo protagonizei uma cena dessas. Duas alunas, cheia de más intenções subtraíram descaradamente dois livros de consulta enquanto eu guardava outros livros nas estantes e minha colega estava ocupada despachando o público para fechar a biblioteca. Aproveitando-se de nossa ocupação elas fingiram estar guardando os livros e saíram em disparada, crentes de serem donas e senhoras da situação. Sua aventura terminou quando a minha começou.

A TRISTEZA


O Flaubert aconselhava a ter cuidado com a tristeza. Cuidado com a tristeza, dizia ele, porque ela pode tornar-se um vício. Eu percebo bem o que ele queria dizer. João Cabral também alertava para os perigos de se tornar triste. E dizia que todos nós, inclusive ele, tinha tendência à sonolência à morbidez e à tristeza. Por isso, era preciso manter-se desperto. A poesia que ele criou, com uma sintaxe paradoxal foi sua forma encontrada para dispersar os vícios da tristeza, que de certa forma persegue todos nós. A tristeza serve para desculpar a inércia e, sobretudo a mediocridade. Obviamente esses senhores das letras tinham toda razão. Menos cuidadoso, no entanto, foi o autor do quadro que ilustra esse post. A gente começa arrancando uma orelha e quando menos esperamos estamos cambaleando pelo campo, varado pela morte.

A VERDADEIRA FACE DA CRISE FINANCEIRA INTERNACIONAL


O furacão que vem varrendo as bolsas em todo o mundo desmoronou não só, a fragilidade do sistema capitalista, sobre a qual estão assentadas as maiores economias do mundo, como também, a moral dos banqueiros de Wall Street. Se bem que eles não prezem tanto assim pela moralidade. Tudo isso, no entanto, serviu para tornar evidente, o que alguns tomavam apenas por aparente (quanta ingenuidade). Que no mundo dos números e das finanças internacionais o paraíso financeiro pode ser uma mera miragem, produzida por alguma agência de risco, ou por balanços maquiados. E quem vai pagar a conta? Os governos do mundo capitalista já anunciaram a alternativa. Para socorrer os caloteiros das grandes financeiras e salvar bancos em dividas, os governos vão socializar o capital podre. É sempre assim, na hora de dividir os lucros ninguém aparece. Já para socializar as dívidas, qualquer alternativa ideológica menos ortodoxa é muito bem vinda. Pra piorar a situação e jogar mais descrédito no sistema que promete salvar a humanidade, os jornais anunciaram que a maioria dos líderes das empresas que entraram ou estão em vias de entrar em colapso financeiro nos Estados Unidos receberam bônus significativos pelos objetivos cumpridos em 2007. O primeiro lugar no pódio das compensações coube a John Thain, CEO da Marril Lynch, que no ano passado arrecadou 10,6 milhões de euros em prêmios de desempenho. Não nos enganemos sobre o que andamos a ver. Trata-se de um verdadeiro estupro anunciado por todas as mídias.

PAUL NEWMAN (1925-2008)

Cena do filme Rebeldia Indomável (1967)
Alguém pode alegar mais sedo ou mais tarde (sem razão), que esse blog só dar conta da passagem de astros do cinema, músicos famosos ou escritores afagados por algum prêmio, omitindo-se de tudo o mais. Corremos o risco realmente de nos tornarmos em pouco num caderno de obituários. Sem, porém, termos a menor intenção disso. Tudo dado à sanha com a qual o ceifeiro anda à solta. Mal temos tempo de nos recuperarmos da perda de alguém já nos vemos prostados, perplexos ante a retirada de outro. Dir-se-a então que o tempo não perdoa. Os sinos não descansam e que a vida exige seu óbolo. O último a acertar contas com o destino foi o ator americano Paul Newman. Vítima de cancro nos pulmões, Newman morreu no último dia 26 de setembro aos 83 anos. Irresistível presença masculina nas telas de cinema. Dono de uma beleza imaculada. Newman parecia moldado para o papel de bom moço. Quis, porém o destino que ele encarnasse com severidade os mais belos rebeldes do cinema. Sem, porém, nunca ter feito um vilão totalmente detestável. Jamais me esquecerei de um dos seus filmes mais empolgantes, Rebeldia Indomável (1967). “Dê para um ator um bom roteiro e ele moverá o mundo”, declarou quando foi perguntado sobre o filme. Queria eu encarniçar-me com tanta violência contra as coisas que me oprimem como Luke faz. Luke, personagem de Newman no filme, encarnava, ou melhor, se negava a encarnar o sentido de domesticação, vassalagem diante da opressão e da injustiça. Lições raras hoje em dia.

NOBEL


A Academia Sueca anunciou o Nobel de Literatura desse ano. O laureado com o prêmio foi o escritor francês Jean-Marie Gustave Le Clézio (Nice, 13 de abril de 1940), o centésimo quinto da história a receber a honraria. O que sei desse escritor e de seus livros não daria um post. Por isso, limito-me a apenas registrar o acontecimento. Há anos venho torcendo pelo peruano Mário Vargas Llosa. Pelo visto terei que aguardar mais algum tempo.

A FALÊNCIA DA MORALIDADE



Quem corrompe quem? Os políticos que se aproveitam da situação de vulnerabilidade dos miseráveis e vencem suas resistências morais (palavrinha cada vez mais escassa no vocabulário), ao preço de trocados. Ou a população, que sede as investidas dos corruptos, demonstrando a toda classe que o que vale mesmo em política é saber quem dá mais, porque muitos estão dispostos a se venderem? Num lugar onde quem governa e quem é governado reina a imoralidade e a indecência nas relações políticas, o que podemos esperar do futuro? Com que cara nos indignaremos quando o lixo das ruas não forem recolhidos, apodrecendo pelos cantos, ou quando a iluminação pública não for satisfatória, facilitando a gatunagem e ameaçando o cidadão de bem. Ou ainda quando as estradas se tornarem intransitáveis; ou faltar água nas torneiras para necessidades mais básicas, como para lavar as vergonhas. Ou pior, seu filho, uma caixa de possibilidades, não receber a contento uma educação que lhe impeça do vexame de não saber escrever o próprio nome? Ou quando alguém for escolhido para um cargo público, não por sua capacidade e competência, e sim por interesses eleitoreiros ou afinidade familiar. Esses e muitos outros motivos são os casos de nosso atraso e da nossa ignorância há vários e vários anos. E continuarão sendo se nos tornarmos tão asquerosos quanto os políticos. Quem terá coragem de se revoltar, com a consciência limpa de quem não se vendeu, com a certeza de se estar exigindo apenas o que lhe é de direito. No passado Serra do Ramalho se queixava da violência e da arbitrariedade de seu governo. E fez valer nas urnas sua indignação. A resposta contra essa violência surgiu em forma de esperança, numa virada na situação, reconhecida por todos como inaceitável. Pois bem, a esperança de uma reviravolta não se concretizou (como era esperado). Ante a violência do primeiro, o segundo, respondeu com outra, muito mais cruel e pestilenta, porque ela age covardemente na surdina, infiltrando descrédito, degenerando as relações, desacreditando a moral, viciando as estruturas políticas, para enfim enredar a todos em seu jogo sujo e maquiavélico. O corrupto serramalhense esgueira-se pelos cantos, a procura de alguém em situação de necessidade tal que, não seja capaz de recusar uma cesta básica que aplaque sua fome, para fazer dele um vendido. A suposta incompetência política em gerar empregos, em elevar o nível da educação, em gerir com respeito os bens públicos, sem fazer deles propriedade privada, não é mais que uma estratégia para encabrestar os homens, e torná-los completamente dependentes das benesses dos maus administradores. O que esse tipo de tirania tem haver com a primeira, que violentava a dignidade física e foi retirado para nunca mais voltar? É que ambos são covardes, traiçoeiros, desleal, sebosos. Um utiliza à força bruta e a truculência para acossar todos os seus desafetos e fazer valer como vontade única, a sua própria. A outra, está que estamos vendo hoje, aparentemente nociva, é muito mais destrutível. Porque ela se aproveita da carência e da necessidade, para constranger o homem digno. Porque ela rebaixa o homem a um estado de dependência constante, viola a sua integridade e desrespeita a sua vontade, não lhe dando oportunidade de defesa, que no primeiro era possível. Ela age diariamente, diferente da anterior. O que ocorreu na eleição de Serra pertence a um Brasil de atraso, um Brasil que não deve existir mais, um Brasil dos tampos dos coronéis. O Brasil moderno vive uma nova realidade. Busca respeito internacional. Combate à corrupção com inteligência. Acende milhares de pobres a uma situação muito mais confortável e digna. Evolui em tecnologia. Ambiciona influenciar as relações internacionais. Acredita no potencial de sua gente e investe em educação. Diversifica a agricultora. Descobre novas maneiras de mover carros, que não seja distribuindo notinhas em troca de favores. Respeita a individualidade e a vontade soberana do povo e não se aproveita de sua situação financeira desfavorável para empobrecê-lo ou explora-lo ainda mais. Enquanto isso damos um passo à atrás, nas relações que são bases para o desenvolvimento de qualquer cidade. Não contribuindo com um único percentual na qualidade da educação, que geraria a força do desenvolvimento. Ao cedermos à tentação de nos corrompermos, aceitamos a política do descaramento e perpetuamos a devassidão e a desonestidade. Pois estamos comprometidos com a desordem. Somos tão desprezíveis quanto o corrupto que estende a mão ao bolso e retira R$ 50 para comprar o voto de alguém, sobre a desculpa de que está pagando desse ou daquele uma viajem para votar, nele é claro. Muitos ainda se revoltam quando são chamados de corruptos, feito virgens ofendidas, como os políticos corruptos. Reclamam que não estão sendo comprados. E exigem, bufando, que se comprove o desvio de seu caráter. Outros nem se molestam mais em serem chamados de corruptos. Esses são os piores. O que estamos fazendo da nossa cidade. Ora meus amigos, ponham a cabeça no travesseiro e reflitam. Quantos tanques de carros em Serra não andam engulhando gasolina até não poder mais. Isso não é corrupção? O combustível que alimenta o carro do corrupto é retirado de onde? Muito provavelmente o que sobra para corromper falta para desenvolve. Essa gasolina devia estar nos tratores de homens trabalhadores que pudessem beneficiar a terra, gerar riqueza, prosperidade, promover a independência das famílias e alimentar os buchos de quem tem fome. Nosso atraso vem das escolhas errada que fazemos. A única prosperidade que vemos de verdade em Serra é a dos políticos. Muitos chegaram arrastando uma cachorra, e logo saem desfilando em carros. Corrupção é uma escolha. Por isso diga NÃO.