O declínio da crítica

Ao pensador de múltiplos saberes e larga tradição cultural, os jornais de hoje, assim como acontece com as tevês, preferem, por razões óbvias, ter como crítico o leitor impressionista e opinativo de primeira hora. A relativização da crítica desqualificou o papel de mediador do crítico entre o público e a obra e teve como principal efeito um rebaixamento do debate qualificado dos bens culturais produzidos nas últimas décadas. "Tipo assim, fantástico" , “adorei”, “desempenho magistral”, "curti muito" são algumas das novas e respeitadas contribuições do espírito renovador do homem público. O sintoma mais evidente desse fenômeno, que não atinge somente o espaço da cultura, mais também se estende por outras áreas como, a política, religião, esporte e tantos outros espaços de debate; foi que com o banimento do crítico, como alguém que desentranhar do texto noções insuspeitas e clareia zonas obscuras das obras, investindo estudo e fidelidade ao ofício, foi à tendência de enfraquecer os debates e aniquilar do espaço público o espírito crítico qualificado. Em razão disso a indústria cultural, quase sempre molestada com as insistentes intervenções críticas, conquistou o cenário perfeito para proliferação de seus ideais de transformar a cultura em entretenimento vazio, mas muito rentável.  

Nenhum comentário: