Narcisistas, Voyeristas, Fetichistas, com quantos istas se faz uma sociedade?

Moça com brinco de pérola - estilizado
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Na ausência de uma plataforma midiática global que lhes arranque do anonimato, as pessoas encontraram um jeito de ganharem visibilidade, e se fazer percebidas em todos os gestos do cotidiano, elevando à última potência os sentimentos narcisistas. A exemplo do programa global, as pessoas do lado de fora, se esforçam dia a dia para aparecerem.  

Como não possuem nenhum atributo físico incomum, não têm qualquer talento musical, literário ou artístico de qualquer natureza, que as torne alvo dos holofotes da fama, elas se expõem narrando as trivialidades do cotidiano infeliz e maçante em que estão atoladas; aguardando com isso, a audiência de anônimos ou conhecidos. 

Em todas as redes sociais e aos quatro ventos elas anunciam, ensandecidamente,  que: “estou indo a academia... tenho que ficar gostosa igual à Juju” ou “aguardo impacientemente no hospital os meus exames”... “daqui a pouco vou curtir a naight”, escrito assim mesmo. As novas ferramentas da internet botou toda a manada de cabeça erguida. Agora a intenção não é mais observar a proximidade do predador, mas sim chamar a atenção dele. 

Imagino que a superexposição, como vem sendo praticada nos veículos da internet, alivia as tensões daqueles que se sentem frustrados, por não conseguir chamar atenção dos outros. Numa sociedade exibicionista como a nossa, as pessoas se ressentem de não estarem cumprindo o seu papel de anunciarem à malta "inchada de vaidade", que elas também existem. 

A atenção dos pares torna-se um alimento indispensável para sobrevivência na comunidade. O esgarçado tecido emocional, que encobre as pessoas no mundo moderno, não lhes deixa ver o ridículo, e o perigo, de saírem anunciando pelas redes sociais, cada passo, gesto e pensamento de suas vidas. 

Somente a mediocridade de uma existência sem emoções e sem sentido, pode explicar esse fenômeno moderno.  Somente a solidão espiritual de uma sombra, recorre a expedientes tão insignificantes para atingir qualquer rastro de luz.

Um comentário:

Ana Seerig disse...

Texto perfeito.
É exatamente isso. As pessoas se sentem tão infelizes consigo por não serem iguais às que aparecem na TV que, enquanto buscam ser, ignoram suas próprias qualidades e saem em busca de um público que se agrade com banalidades...