Factoide

Foto: de John Cohen. Jack Kerouac ouvindo rádio em 1959.
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O país passaria melhor com um décimo das notícias. É inacreditável o que se ouve, vê e lê nos médias. Quem busca informações hoje está sujeito a encontrar de tudo, menos o que se procura. Uma verborragia, entulha os canais e fazem da imprensa um lugar sofrível.  Ninguém, que assista um jornal, leia uma revistas ou ouça o rádio, pode mesmo se julgar informado. Os médias agem, através de uma lógica, que transformam as notícias, em grotescos espetáculos circenses, que só aos acéfalos agradam.

O que menos importa parece ser a noção de que o público vai à impressa, porque deseja ser informado de algum coisa que lhe escapou e lhe interessa saber. São para isso que servem os média, trazer ao público informações. Mas as mídias abdicaram desse papel, e não se prestam mais a investigação dos fatos, não questionam nem contradizem os relatos, e não se preocupam com o contraditório. A impressão que se tem, é que o jornalismo se vulgarizou e se rebaixou a tal nível que hoje, fica difícil distinguir entre um jornalista e um animadora de torcida.

A mídia, faz de um tudo para manter o público entretido, quando o público só queria mesmo, era saber se vai mesmo ser necessário sair de casa carregando o guarda-chuva, ou por que o político patusco, que fingiu não possuir contas no exterior, ainda não encontrou o caminho da prisão e está presidindo um importante órgão da nação?

Tornou-se intolerável acompanhar as notícias. Dia desses, por exemplo, a cidade em que moro, foi mais uma vez vítima de um bárbaro assalto a banco. Não costumo ouvir rádio, porque as vezes em que tentei, acabei mais aborrecido do que informado. Além disso não suporto as músicas que colonizaram esse veículo, soam-me detestáveis. Mas, curioso em saber mais, sobre o que havia acontecido, de fato, no banco, corri ao fone de ouvido do celular e pluguei-me na primeira emissora de rádio que me apareceu. Deve haver umas 3 ou 4 por aqui. Mesmo suspeitando que, não encontraria muita informação, insisti na ideia de me informar, consultando o jornal do meio-dia que, segundo soube, tem audiência cativa dos ouvintes da rádio.

Do pouco que pude ouvir, entre os gritos histéricos do radialista e uma sirene bizarra que berrava incessantemente, a todo instante, enquanto ele falava (gritava), não foi mais do que o padeiro havia me dito horas antes, ou fui ouvindo pela rua e no caminho ao trabalho. Tanta parlapatice serve apenas ao propósito de não informar o ouvinte. Em meia hora de rádio, não apurei nada que pudesse acrescer às informações, que a população retransmitia em viva voz por intermédio do troca-troca de conversas que dão um colorido todo especial aos dias das cidades provincianas.

Não foi pelo rádio que soube que os bandidos malograram o assalto, também não foi pelo rádio que, fiquei a saber que esse foi mais um caso em que a polícia não tem a menor ideia de quem possa ser os assaltantes, ou o paradeiro dos delinquentes. Convenhamos, as notícias mais relevantes chegam-nos muito mais detalhadas e bem mais integras pelas comadres que se aprazem em reportar os casos que vão ouvindo nos comboios de ônibus, do que são apuradas nas redações de jornais e nas cabines de rádio. 


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