A FALÊNCIA DA MORALIDADE



Quem corrompe quem? Os políticos que se aproveitam da situação de vulnerabilidade dos miseráveis e vencem suas resistências morais (palavrinha cada vez mais escassa no vocabulário), ao preço de trocados. Ou a população, que sede as investidas dos corruptos, demonstrando a toda classe que o que vale mesmo em política é saber quem dá mais, porque muitos estão dispostos a se venderem? Num lugar onde quem governa e quem é governado reina a imoralidade e a indecência nas relações políticas, o que podemos esperar do futuro? Com que cara nos indignaremos quando o lixo das ruas não forem recolhidos, apodrecendo pelos cantos, ou quando a iluminação pública não for satisfatória, facilitando a gatunagem e ameaçando o cidadão de bem. Ou ainda quando as estradas se tornarem intransitáveis; ou faltar água nas torneiras para necessidades mais básicas, como para lavar as vergonhas. Ou pior, seu filho, uma caixa de possibilidades, não receber a contento uma educação que lhe impeça do vexame de não saber escrever o próprio nome? Ou quando alguém for escolhido para um cargo público, não por sua capacidade e competência, e sim por interesses eleitoreiros ou afinidade familiar. Esses e muitos outros motivos são os casos de nosso atraso e da nossa ignorância há vários e vários anos. E continuarão sendo se nos tornarmos tão asquerosos quanto os políticos. Quem terá coragem de se revoltar, com a consciência limpa de quem não se vendeu, com a certeza de se estar exigindo apenas o que lhe é de direito. No passado Serra do Ramalho se queixava da violência e da arbitrariedade de seu governo. E fez valer nas urnas sua indignação. A resposta contra essa violência surgiu em forma de esperança, numa virada na situação, reconhecida por todos como inaceitável. Pois bem, a esperança de uma reviravolta não se concretizou (como era esperado). Ante a violência do primeiro, o segundo, respondeu com outra, muito mais cruel e pestilenta, porque ela age covardemente na surdina, infiltrando descrédito, degenerando as relações, desacreditando a moral, viciando as estruturas políticas, para enfim enredar a todos em seu jogo sujo e maquiavélico. O corrupto serramalhense esgueira-se pelos cantos, a procura de alguém em situação de necessidade tal que, não seja capaz de recusar uma cesta básica que aplaque sua fome, para fazer dele um vendido. A suposta incompetência política em gerar empregos, em elevar o nível da educação, em gerir com respeito os bens públicos, sem fazer deles propriedade privada, não é mais que uma estratégia para encabrestar os homens, e torná-los completamente dependentes das benesses dos maus administradores. O que esse tipo de tirania tem haver com a primeira, que violentava a dignidade física e foi retirado para nunca mais voltar? É que ambos são covardes, traiçoeiros, desleal, sebosos. Um utiliza à força bruta e a truculência para acossar todos os seus desafetos e fazer valer como vontade única, a sua própria. A outra, está que estamos vendo hoje, aparentemente nociva, é muito mais destrutível. Porque ela se aproveita da carência e da necessidade, para constranger o homem digno. Porque ela rebaixa o homem a um estado de dependência constante, viola a sua integridade e desrespeita a sua vontade, não lhe dando oportunidade de defesa, que no primeiro era possível. Ela age diariamente, diferente da anterior. O que ocorreu na eleição de Serra pertence a um Brasil de atraso, um Brasil que não deve existir mais, um Brasil dos tampos dos coronéis. O Brasil moderno vive uma nova realidade. Busca respeito internacional. Combate à corrupção com inteligência. Acende milhares de pobres a uma situação muito mais confortável e digna. Evolui em tecnologia. Ambiciona influenciar as relações internacionais. Acredita no potencial de sua gente e investe em educação. Diversifica a agricultora. Descobre novas maneiras de mover carros, que não seja distribuindo notinhas em troca de favores. Respeita a individualidade e a vontade soberana do povo e não se aproveita de sua situação financeira desfavorável para empobrecê-lo ou explora-lo ainda mais. Enquanto isso damos um passo à atrás, nas relações que são bases para o desenvolvimento de qualquer cidade. Não contribuindo com um único percentual na qualidade da educação, que geraria a força do desenvolvimento. Ao cedermos à tentação de nos corrompermos, aceitamos a política do descaramento e perpetuamos a devassidão e a desonestidade. Pois estamos comprometidos com a desordem. Somos tão desprezíveis quanto o corrupto que estende a mão ao bolso e retira R$ 50 para comprar o voto de alguém, sobre a desculpa de que está pagando desse ou daquele uma viajem para votar, nele é claro. Muitos ainda se revoltam quando são chamados de corruptos, feito virgens ofendidas, como os políticos corruptos. Reclamam que não estão sendo comprados. E exigem, bufando, que se comprove o desvio de seu caráter. Outros nem se molestam mais em serem chamados de corruptos. Esses são os piores. O que estamos fazendo da nossa cidade. Ora meus amigos, ponham a cabeça no travesseiro e reflitam. Quantos tanques de carros em Serra não andam engulhando gasolina até não poder mais. Isso não é corrupção? O combustível que alimenta o carro do corrupto é retirado de onde? Muito provavelmente o que sobra para corromper falta para desenvolve. Essa gasolina devia estar nos tratores de homens trabalhadores que pudessem beneficiar a terra, gerar riqueza, prosperidade, promover a independência das famílias e alimentar os buchos de quem tem fome. Nosso atraso vem das escolhas errada que fazemos. A única prosperidade que vemos de verdade em Serra é a dos políticos. Muitos chegaram arrastando uma cachorra, e logo saem desfilando em carros. Corrupção é uma escolha. Por isso diga NÃO.

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