Instado a me pronunciar sobre as qualidades que aprecio nas obras literárias, digo de pronto que elas devem provocar algum desconforto. Isso para mim basta. Porque aquelas que tentam me confortar, tenho na conta de nauseantes. Nesse sentido sou totalmente Nietzscheano. Não posso crer que sem algum desafio, esforço ou luta se faça um homem, tanto mais uma obra literária. Por isso gosto mesmo são dos amores fracassados, dos vencidos da vida, dos derrotados, dos silêncios e vazios, dos errantes e dos frustrados sociais, dos marginais e prostitutas, dos traídos, dos náufragos dos ressentidos dos iconoclastas morais e religiosos. De didatismo já temos por conta. É preciso encarar a vida com coragem. Mas antes algum esforço tem de ser distendido. Esses pontos resumem bem as razões pelas quais gostos tanto de literatura porque como disse Cesare Pavese ela é uma defesa contra as ofensas da vida.
Um comentário:
Eis por que amo autores como a Clarice Lispector, o Fernando Pessoa (pricipalmente quando ele se traveste de Álvaro de Campos e de Bernardo Soares), Kafka, Florbela Espanca... eles nos dão noção da exata dimensão da nossa existência: "a vida humana é um pêndulo que oscila entre a dor e o tédio." (Arthur Schopenhauer).
E a feliciadade? Ela mora no ponto exato do equilíbrio precário do pêndulo em sua trajeória infeliz!
Assim como a Filosofia, a Literatura não deve ser vista como analgésico para a nossa dor existencial... muito pelo contrário, a boa literatura tem compromisso com a arte, com a vida... Ela, sem medo, traz à tona a consciência das nossas misérias interiores!
Parabéns pelo belo blog, cara!
Abraço,
Clédson
Postar um comentário